Esta obra literária, cuja autora é Colleen McCullough, foi um best-seller que vendeu mais de 7 milhões de exemplares, segundo a 3ª edição
que li. Esta obra criou tanto impacto que deu origem a uma série passada em
Portugal, nos anos 80.
A história conduz-nos ao solo australiano, onde uma família constituída por
Fee e Padraic Cleary, Jack Hughie, Bob, Frank, Stuart e Meggie deixa a sua
terra natal para irem para Drogheda, ao encontro da irmã do chefe de família,
Mary Carson.
Mary é uma mulher riquíssima, com uma grande fazenda onde tem imenso gado,
várias casas, campos de cultivo e jardins de encantar qualquer um que se deixe
envolver nesta leitura (a autora esmera-se na descrição de tudo o que diz
respeito à natureza, indo ao mais ínfimo pormenor, levando-nos até a contemplar
a beleza da perfeição da criação; também todas as personagens da história assim
como todos os ambientes em que elas se encontram ao longo da história são
maravilhosamente descritos!).
Mary tem uma estreita relação de amizade com o padre Ralph (um dos
protagonistas da história), a quem irá deixar, como herança, grande parte da
sua fortuna. Este padre, bastante novinho, encontra-se com a filha de Fee e de
Padraic, a pequena Meggie, a quem proporciona uma educação escolar ao mesmo
tempo que acompanha o seu crescimento. Acompanha-a de tal modo que, com o
passar dos anos e quando ela já é maior de idade, o amor prega-lhes a partida
de se apaixonarem um pelo outro. Porém, o padre Ralph é um homem reto e fiel
aos seus compromissos sacerdotais e Meggie é fiel à inocência que sempre a
acompanhou desde a infância. Sentem que se amam, mas esse amor só se manifesta
através do olhar, dos gestos e das palavras carinhosas.
O padre Ralph, pela sua inteligência e atividade pastoral e também por
causa da sua ambição, vai subindo na carreira, chega a ser arcebispo e, mais
tarde, cardeal no Vaticano, seguindo as orientações do seu sempre amigo e
mentor cardeal Vittorio.
Por este motivo, a ausência dele fazia com que Meggie, apaixonada, sofresse
muito. Também a nível familiar, ela sofria imenso: a ausência do irmão mais
velho, Frank, de quem ela tanto gostava e que a defendia de tudo e de todos e
que, mais tarde, foi preso por vários e longos anos; a morte do pai,
carbonizado por um vasto incêndio que arrasou a fazenda, e ainda a morte de
mais irmãos… Por causa de tudo isto, Meggie levou vários anos, senão quase toda
a sua vida, mergulhada num mar de tristeza e de aflição. Porém, mais triste foi
o momento em que Ralph lhe cortou, de vez, a esperança de um dia consumarem o
seu amor.
Meggie era linda, mas apesar dos vários pretendentes, apenas Luke teve a
sorte de a conquistar e de casar com ela. Contudo, apenas lhe conquistou o
corpo, porque o coração pertenceria sempre a Ralph. Luke levou-a para muitos
quilómetros de distância da sua fazenda e, ambicioso como era, trocou o tempo
com a esposa pelo corte de cana, passando longos períodos sem vir a casa.
Entretanto, Meggie engravidou; teve uma filha, Justine, mas nem por isso Luke
teve alguma pressa em regressar. Para sorte de Meggie, um casal, os Mueller,
acolheram-na em sua casa para que não caísse no desespero e na solidão e a sra.
Mueller ofereceu-lhe um período de descanso e férias, longe de tudo e de todos.
É nesta altura que o cardeal Ralph surge para a visitar e o casal o informa de
tudo o que tinha sucedido a Meggie e onde ela se encontrava. Ralph parte ao
encontro da amada. O local onde Meggie se encontrava era isolado, à beira-mar
e, pela descrição, um verdadeiro paraíso na terra e foi ali que Ralph e Meggie
cederam à força do amor que sempre sentiram um pelo outro: fizeram amor.
A pequena estadia naquele lugar foi o tempo necessário para gerar vida.
Sim, vida, porque, meses depois, Meggie deu à luz um rapaz, Dane, mas guardou
segredo sobre a sua paternidade. Este segredo foi tão bem guardado que Luke
nunca suspeitou nem o cardeal Ralph. O marido nunca suspeitou, porque também
ele esteve com Meggie nessa altura e, para além disso, tanto ele como Ralph
eram semelhantes tanto fisicamente como na cor dos seus olhos, azuis!
Luke continuou a preferir o corte da cana bem longe de Meggie e Ralph subiu
de posto no Vaticano. Por isso, abandonada por ambos, decidiu separar-se de
Luke e voltou para a fazenda da família, onde os seus filhos cresceram e a
amizade entre ambos começou a ser única e muito especial, a de verdadeiros
irmãos, embora o feitio e a forma de pensar dos dois fosse muito diferente.
O tempo foi passando e eles cresceram. Dane, puro e inocente de coração e
com muita fé e devoção a Deus, decide ser padre. A mãe, Meggie, embora
surpreendida, não se opôs e deixou o filho partir para Itália, para junto do
cardeal Ralph e este viu em Dane a pureza de coração, a fé e a alegria
genuínas, não manchadas como ele tinha. Justine partiu para Londres onde veio a
ser uma atriz bem conceituada e de renome. Conheceu um homem, Rain, por quem
nutriu uma afeição bem grande, mas difícil de admitir. Os irmãos mantiveram-se
sempre em contacto e contavam tudo um ao outro. Dane foi ordenado padre no
Vaticano, mas a mãe não quis estar presente e Dane, com o seu coração grande,
compreendeu e perdoou. Justine rendeu-se à alegria do seu irmão por ser padre.
Justine nunca mais voltou a casa e pouco falava com a mãe. No último
encontro com o irmão, disse-lhe que não iria com ele de férias para Atenas,
Grécia, nem iria depois a Drogedha, Austrália.
Foi neste período de descanso e lazer que Dane entregou o seu corpo e o seu
espírito a Deus. Ao salvar duas raparigas do mar, acabou por ficar a flutuar,
de braços abertos, com um sorriso estampado no rosto, de olhar fixo no Céu e
assim morreu. Nos poucos documentos que tinha, encontraram o número de telefone
da irmã, à qual ligaram para dar a notícia fatídica.
Justine chorou amargamente e não se perdoou por não ter ido com ele passar
aquelas férias. Ligou para a mãe e informou-a do que sucedera. Combinaram ir
juntas buscar o corpo de Dane à Grécia, mas a desordem e a insegurança que
reinavam em Atenas, não lhes permitiu ir.
Assim, Dane foi sepultado algures na Grécia. Perante esta situação, Meggie
entrou em contacto com o Cardeal Ralph para lhe comunicar o que tinha
acontecido a Dane. Este respondeu-lhe que, naquele momento, era impossível a
qualquer pessoa dirigir-se à Grécia. Face a esta resposta, Meggie não se
conteve e disse: “Nem para ires buscar o corpo do teu filho?”. Foi neste
instante que Ralph engoliu em seco e teve uma mistura de emoções, ele era pai,
tinha acompanhado o filho e agora tinha de fazer de tudo para o ir resgatar à
Grécia.
Assim, Ralph e Meggie foram buscar o corpo do filho e sepultaram-no no
cemitério de família, em Drogheda, na Austrália. Justine não teve coragem para
ir ao funeral do irmão, ficou em Londres, pois sentia-se culpada e acabou por
escrever à mãe. O tempo foi passando e Justine, sabendo que a mãe, cada vez
mais velha, estava cansada e sozinha, decidiu comunicar-lhe que ia deixar
Londres de vez e voltar para junto dela, em Drogheda. A mãe escreveu-lhe uma
carta cheia de ternura, convencendo-a de que ela não fora culpada por nada do
que havia acontecido a Dane e incentivou-a a viver com alegria, a viver o amor
na sua vida e pediu-lhe que voltasse a Drogheda apenas para férias e que
continuasse a fazer o que ela bem sabia fazer! Perante tal carta, Justine
encheu-se de novo de coragem e, mais tarde, contraiu matrimónio com Rain. Ao
sabê-lo, o coração de Meggie encheu-se de alegria e recolheu-se às memórias,
contemplando o horizonte…
O Cardeal Ralph continuou no Vaticano.
Gostei imenso de ler este livro, pois a história fascinou-me desde o início
até ao fim. Tem ingredientes muito importantes para também eu refletir na minha
vida, pois acabamos sempre por nos identificarmos, nem que seja com um simples
pormenor. Ivan
Santos
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