terça-feira, 6 de março de 2018

LEITURAS NA PRISÃO "Pássaros Feridos" - uma sugestão de leitura



Esta obra literária, cuja autora é Colleen McCullough, foi um best-seller que vendeu mais de 7 milhões de exemplares, segundo a 3ª edição que li. Esta obra criou tanto impacto que deu origem a uma série passada em Portugal, nos anos 80.
A história conduz-nos ao solo australiano, onde uma família constituída por Fee e Padraic Cleary, Jack Hughie, Bob, Frank, Stuart e Meggie deixa a sua terra natal para irem para Drogheda, ao encontro da irmã do chefe de família, Mary Carson.
Mary é uma mulher riquíssima, com uma grande fazenda onde tem imenso gado, várias casas, campos de cultivo e jardins de encantar qualquer um que se deixe envolver nesta leitura (a autora esmera-se na descrição de tudo o que diz respeito à natureza, indo ao mais ínfimo pormenor, levando-nos até a contemplar a beleza da perfeição da criação; também todas as personagens da história assim como todos os ambientes em que elas se encontram ao longo da história são maravilhosamente descritos!).
Mary tem uma estreita relação de amizade com o padre Ralph (um dos protagonistas da história), a quem irá deixar, como herança, grande parte da sua fortuna. Este padre, bastante novinho, encontra-se com a filha de Fee e de Padraic, a pequena Meggie, a quem proporciona uma educação escolar ao mesmo tempo que acompanha o seu crescimento. Acompanha-a de tal modo que, com o passar dos anos e quando ela já é maior de idade, o amor prega-lhes a partida de se apaixonarem um pelo outro. Porém, o padre Ralph é um homem reto e fiel aos seus compromissos sacerdotais e Meggie é fiel à inocência que sempre a acompanhou desde a infância. Sentem que se amam, mas esse amor só se manifesta através do olhar, dos gestos e das palavras carinhosas.
O padre Ralph, pela sua inteligência e atividade pastoral e também por causa da sua ambição, vai subindo na carreira, chega a ser arcebispo e, mais tarde, cardeal no Vaticano, seguindo as orientações do seu sempre amigo e mentor cardeal Vittorio.
Por este motivo, a ausência dele fazia com que Meggie, apaixonada, sofresse muito. Também a nível familiar, ela sofria imenso: a ausência do irmão mais velho, Frank, de quem ela tanto gostava e que a defendia de tudo e de todos e que, mais tarde, foi preso por vários e longos anos; a morte do pai, carbonizado por um vasto incêndio que arrasou a fazenda, e ainda a morte de mais irmãos… Por causa de tudo isto, Meggie levou vários anos, senão quase toda a sua vida, mergulhada num mar de tristeza e de aflição. Porém, mais triste foi o momento em que Ralph lhe cortou, de vez, a esperança de um dia consumarem o seu amor.
Meggie era linda, mas apesar dos vários pretendentes, apenas Luke teve a sorte de a conquistar e de casar com ela. Contudo, apenas lhe conquistou o corpo, porque o coração pertenceria sempre a Ralph. Luke levou-a para muitos quilómetros de distância da sua fazenda e, ambicioso como era, trocou o tempo com a esposa pelo corte de cana, passando longos períodos sem vir a casa. Entretanto, Meggie engravidou; teve uma filha, Justine, mas nem por isso Luke teve alguma pressa em regressar. Para sorte de Meggie, um casal, os Mueller, acolheram-na em sua casa para que não caísse no desespero e na solidão e a sra. Mueller ofereceu-lhe um período de descanso e férias, longe de tudo e de todos. É nesta altura que o cardeal Ralph surge para a visitar e o casal o informa de tudo o que tinha sucedido a Meggie e onde ela se encontrava. Ralph parte ao encontro da amada. O local onde Meggie se encontrava era isolado, à beira-mar e, pela descrição, um verdadeiro paraíso na terra e foi ali que Ralph e Meggie cederam à força do amor que sempre sentiram um pelo outro: fizeram amor.
A pequena estadia naquele lugar foi o tempo necessário para gerar vida. Sim, vida, porque, meses depois, Meggie deu à luz um rapaz, Dane, mas guardou segredo sobre a sua paternidade. Este segredo foi tão bem guardado que Luke nunca suspeitou nem o cardeal Ralph. O marido nunca suspeitou, porque também ele esteve com Meggie nessa altura e, para além disso, tanto ele como Ralph eram semelhantes tanto fisicamente como na cor dos seus olhos, azuis!
Luke continuou a preferir o corte da cana bem longe de Meggie e Ralph subiu de posto no Vaticano. Por isso, abandonada por ambos, decidiu separar-se de Luke e voltou para a fazenda da família, onde os seus filhos cresceram e a amizade entre ambos começou a ser única e muito especial, a de verdadeiros irmãos, embora o feitio e a forma de pensar dos dois fosse muito diferente.
O tempo foi passando e eles cresceram. Dane, puro e inocente de coração e com muita fé e devoção a Deus, decide ser padre. A mãe, Meggie, embora surpreendida, não se opôs e deixou o filho partir para Itália, para junto do cardeal Ralph e este viu em Dane a pureza de coração, a fé e a alegria genuínas, não manchadas como ele tinha. Justine partiu para Londres onde veio a ser uma atriz bem conceituada e de renome. Conheceu um homem, Rain, por quem nutriu uma afeição bem grande, mas difícil de admitir. Os irmãos mantiveram-se sempre em contacto e contavam tudo um ao outro. Dane foi ordenado padre no Vaticano, mas a mãe não quis estar presente e Dane, com o seu coração grande, compreendeu e perdoou. Justine rendeu-se à alegria do seu irmão por ser padre.
Justine nunca mais voltou a casa e pouco falava com a mãe. No último encontro com o irmão, disse-lhe que não iria com ele de férias para Atenas, Grécia, nem iria depois a Drogedha, Austrália.
Foi neste período de descanso e lazer que Dane entregou o seu corpo e o seu espírito a Deus. Ao salvar duas raparigas do mar, acabou por ficar a flutuar, de braços abertos, com um sorriso estampado no rosto, de olhar fixo no Céu e assim morreu. Nos poucos documentos que tinha, encontraram o número de telefone da irmã, à qual ligaram para dar a notícia fatídica.
Justine chorou amargamente e não se perdoou por não ter ido com ele passar aquelas férias. Ligou para a mãe e informou-a do que sucedera. Combinaram ir juntas buscar o corpo de Dane à Grécia, mas a desordem e a insegurança que reinavam em Atenas, não lhes permitiu ir.
Assim, Dane foi sepultado algures na Grécia. Perante esta situação, Meggie entrou em contacto com o Cardeal Ralph para lhe comunicar o que tinha acontecido a Dane. Este respondeu-lhe que, naquele momento, era impossível a qualquer pessoa dirigir-se à Grécia. Face a esta resposta, Meggie não se conteve e disse: “Nem para ires buscar o corpo do teu filho?”. Foi neste instante que Ralph engoliu em seco e teve uma mistura de emoções, ele era pai, tinha acompanhado o filho e agora tinha de fazer de tudo para o ir resgatar à Grécia.
Assim, Ralph e Meggie foram buscar o corpo do filho e sepultaram-no no cemitério de família, em Drogheda, na Austrália. Justine não teve coragem para ir ao funeral do irmão, ficou em Londres, pois sentia-se culpada e acabou por escrever à mãe. O tempo foi passando e Justine, sabendo que a mãe, cada vez mais velha, estava cansada e sozinha, decidiu comunicar-lhe que ia deixar Londres de vez e voltar para junto dela, em Drogheda. A mãe escreveu-lhe uma carta cheia de ternura, convencendo-a de que ela não fora culpada por nada do que havia acontecido a Dane e incentivou-a a viver com alegria, a viver o amor na sua vida e pediu-lhe que voltasse a Drogheda apenas para férias e que continuasse a fazer o que ela bem sabia fazer! Perante tal carta, Justine encheu-se de novo de coragem e, mais tarde, contraiu matrimónio com Rain. Ao sabê-lo, o coração de Meggie encheu-se de alegria e recolheu-se às memórias, contemplando o horizonte…
O Cardeal Ralph continuou no Vaticano. 
Gostei imenso de ler este livro, pois a história fascinou-me desde o início até ao fim. Tem ingredientes muito importantes para também eu refletir na minha vida, pois acabamos sempre por nos identificarmos, nem que seja com um simples pormenor.                                                                                                      Ivan Santos  

0 comentários :

Enviar um comentário

Os comentários anónimos serão rejeitados.