No século XX e XXI várias obras literárias tiveram o condão de nos chamar
a atenção para os conflitos e dramas sociais. É uma imagem dessa literatura “engagée” ou de testemunho do 25 de
abril que o Clube de Leitura quer dar através da Exposição “Literatura e
Consciência Social no sécs. XX e XXI” patente no corredor de acesso ao Salão. Esta Exposição reúne as capas de 40
obras com um excerto significativo das mesmas. Os autores vão, por ordem
alfabética, de Altino do Tojal (Os putos)
até Vergílio Ferreira (Mudança)
passando por Aquilino Ribeiro (Quando os
lobos uivam), Sophia de Mello Breyner Andresen (Mar Novo) ou José Rodrigues Miguéis (Gente da Terceira Classe).
Aqui fica um exemplo de um livro perseguido durante o Estado Novo, "Quando os lobos uivam" (assim
como o seu autor, Aquilino Ribeiro):
“- A testemunha ouviu-lhe alguma vez fazer propaganda de ideias
subversivas, quer dizer, ideias contra a nossa Santa Madre Igreja, o direito de
propriedade, a ordem legal estabelecida pelo consenso da Nação?
-Em tom de conversa com este e aquele ouvi-lhe dizer mal disto e
daquilo.
- Diga, diga, mal disto, mal daquilo, mas que mal?
- A seu ver o mundo andava torto, uns tinham muito e outros não tinham
nada; uns morriam à fome e outros de indigestão. Mas, verdade seja, que não
aconselhava ninguém a usar da violência. (…)
-Muito bem! E este outro dito: Cristo nasceu nas palhas, para nos
mostrar que somos todos iguais. Que sociedade é esta onde uns têm tudo e outros
não têm nada? – ouviu-lhe?
- Também não.”
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