Desenho de João Abel Manta: Preso político ladeado por um Pide e um Guarda |
Os presos políticos eram as maiores vítimas do regime do Estado Novo.
Quem ousasse fazer frente ao regime e reivindicar o direito de opinião política
ou de reunião para lá dos limites do partido único já sabia com o que podia
contar: perseguição e eventualmente prisão. A PIDE era a arma utilizada contra
quem queria ter voz contra o regime. À prisão seguiam-se os interrogatórios,
eventualmente a tortura ou o isolamento. Alguns chegaram a morrer.
O Aljube, junto à Sé de Lisboa, foi a prisão utilizada até aos anos 60.
No início dos anos 70, por pressão internacional, o Aljube fechou por
insalubridade e era Caxias que era o destino principal dos presos políticos. No
dia 26 de abril de 1974, a abertura da prisão de Caxias para saída dos presos
políticos foi um momento de emoção elevada para os presos, familiares e amigos.
O drama dos presos não era somente a injustiça da prisão mas também as
condições em que se vivia e a falta de expectativas de saída. Alguns chegaram a
cortar a língua para não falar, outros tentavam resistir à tortura do sono,
outros entretinham-se com trabalhos artísticos ou com a escrita, às vezes às
escondidas e quando o espaço o permitia.
Nomes como Medeiros Ferreira, Mário Soares, Fernando Rosas, Domingos
Abrantes, Álvaro Cunhal, José Tengarrinha, Carlos Brito são sobejamente
conhecidos e deram testemunho dos tempos de prisão que nunca mais esqueceram,
em alguns casos intervalados por fugas da prisão. Dois sites, do EXPRESSO e da
Rádio Renascença, dão-nos por estes dias alguns testemunhos desses tempos e
desses presos:
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