terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

SESSÃO SOBRE PREVENÇÃO DO ALCOOLISMO Carlos Brito esteve na ESAAG


De todas as sessões de sensibilização realizadas por pessoas do exterior do núcleo escolar, que intervêm com o fim de cativar os nossos ouvidos, esta última foi a mais marcante.
Carlos Brito, antigo dependente de álcool, hoje Presidente da Delegação de Alcoólicos Recuperados da Guarda, visitou a nossa escola no passado dia 28 de janeiro. A sua história, relatada na primeira pessoa, chocou com as nossas fantasias. Os momentos dramáticos foram muitos, como era de esperar perante alguém dependente de alguma substância, como é o álcool. Enquanto as palavras envergonhadas de Carlos Brito iam sensibilizando o auditório, imagens e fotografias iam acompanhando o seu discurso. Retalhos de um passado pautado pelo consumo de grandes quantidades de álcool. Para ele, os momentos mais confrangedores foram os episódios de embriaguez perante os seus familiares, que sentiam vergonha pública.
Caímos, muitas vezes, na crítica fácil, sem sabermos as razões pelas quais as pessoas chegam às dependências. Nos dias de hoje, as crianças e jovens são alertados e educados para a prevenção do consumo de substâncias aditivas. Há mais de sessenta anos, a realidade era muito diferente. O vinho, por exemplo, era considerado, não uma bebida prejudicial, mas sim um alimento, consumido diariamente, vulgarizando-se o seu consumo.
A aceitação social do consumo de bebidas alcoólicas não foi o único fator que conduziu Carlos Brito ao alcoolismo, tendo o convívio com parentes próximos, consumidores excessivos de álcool, contribuído, também, para a situação de doença a que chegou. Neste caso salientou o alcoolismo do seu pai. Enquanto jovem, assistiu à sua tentativa de suicídio, sendo a página mais escura e marcante da história de vida de Carlos. O dia em que levou o seu pai de urgência para o Hospital foi o fim de linha a que o álcool o tinha conduzido. O primeiro dia do resto da vida do pai de Carlos, com a promessa, que cumpriu, que nunca voltaria a embriagar-se.
Depois dos relatos marcantes, que só a realidade dá, fomos informados de todas as consequências resultantes do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tanto a curto como a longo prazo, e o estigma social que pode advir se nos deixarmos vencer pela dependência alcoólica.
Conhecemos, também, o trabalho meritório desenvolvido pelo Núcleo da Guarda dos Alcoólicos Recuperados. Este núcleo ajudou a recuperar mais de 1.875 alcoólicos, tendo contribuído, por subtraírem rapidamente o alcoólico do contexto familiar e o encaminharem para a recuperação, para que a região apresente a menor taxa de violência doméstica associada a esta doença.
A realidade dura que pudemos apreender servirá certamente para derrubar os mitos que povoam as mentes de muitos dos jovens: o álcool não traz felicidade, não dá alegria e não diverte. Dizer não ao consumo de álcool é dar uma oportunidade à vida.
Este texto foi elaborado pela aluna Matilde Almeida, do 9ºA, contando ainda com a colaboração dos seus colegas de turma e da sua professora Elsa Salzedas. A sessão foi promovida pelas professoras Elsa Salzedas e Lurdes Coelho do Clube de Saúde e por Carlos Brito, presidente da  Delegação da Guarda dos Alcoólicos Recuperados.

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