
Aqui fica para aperitivo um dos poemas de José Manuel Monteiro:
INSPIRAÇÃO
Li
o teu poema oblíquo de chuva, ó poeta!
e,
nas asas do irreal,
parti
deslizando
p'lo
infinito aberto da tua poesia.
Imerso
na densidade do porto,
passei
de cor as velas da razão:
nos
vultos das árvores banhei-me de sol
e
nas águas sombrias de perfeição.
Enlevei-me
no sonho que me deste
e,
nos versos que geraste,
vi
o cais lamacento
da
vertical humanidade derrubada.
Quis-me
fingidor a teu lado
mas
escorreguei na lama do cais,
onde
o Estio grita revoltado
a
liberdade perdida jamais.
Passando
de través pela rua
doirei
a perfeição palpitante,
nas
pedras da fresca calçada
onde
a vontade rastejava delirante.
Senti.
Um
laivo de génio passou.
Da
minha voz - quase nada -
saiu
este grito de mim.
0 comentários :
Enviar um comentário
Os comentários anónimos serão rejeitados.