quinta-feira, 17 de março de 2016

PRÉMIO EXPRESSÃO VOX POPULI - TEXTO O texto do 3º lugar, de Inês Rodrigues (12º G)

Inês Rodrigues foi terceira no Prémio EXPRESSÃO Vox Populi 2015/16 na modalidade de Crónica / Texto de Opinião, ganhando assim 50 Euros. Parabéns. Depois de ter sido apurada na fase de ortografia, o tema que escolheu para desenvolver em texto foi o seguinte:
"Na Europa de hoje estamos a ser constantemente questionados pelo fluxo migratório vindo dos países muçulmanos em guerra. Este fluxo não nos pode deixar indiferentes porque provocará mudanças em termos de mentalidade e em termos da convivência com outros usos e costumes. Os refugiados vão obrigar-nos a (re)pensar os nossos posicionamentos sociais perante os outros, perante a cultura e perante a própria vida.” Num texto bem estruturado, de 250 a 350 palavras, defende um ponto de vista pessoal sobre a problemática apresentada, fundamentando o teu ponto de vista e argumentando devidamente."

EIS O TEXTO DA INÊS:
A vinda de refugiados de países muçulmanos em guerra para a Europa tem gerado, recentemente, muita polémica. Devemos aceitá-los? Que legitimidade têm eles para vir viver no nosso país?
Muitas pessoas criticam negativamente este fluxo migratório, argumentando que poderá interferir imenso na nossa economia. É evidente que interfere, mas não necessariamente de forma negativa. Muitas destas pessoas querem trabalhar, ter um papel ativo na sociedade, viver numa casa, alimentar-se bem, constituir família, poder levar os filhos à escola. Todas estas coisas que para nós são já tão banais, são coisas de que eles estão muitas vezes, privados, nos seus países de origem. O quotidiano para eles é a insegurança, a incerteza do amanhã. A única certeza é o medo, e só a esperança pode superar o medo. Veem na Europa um horizonte, uma vida melhor, com direitos básicos assegurados. Seremos nós tão egoístas ao ponto de negarmos comida, casas, empregos e paz a quem há muito não os tem?
Há uma associação feita a essas pessoas em relação ao terrorismo. Esta ideia baseia-se (im)puramente em preconceitos. Há, sem dúvida, seres humanos cruéis, capazes de cometer enormes atrocidades. Mas não é nascer em Portugal ou na Síria que define isso. O terrorismo é uma constante nesses países: é precisamente disso que as pessoas querem fugir. Há muitas diferenças culturais entre nós e os refugiados, está claro. Mas pode haver um bom entendimento entre culturas diferentes. Porque somos diferentes, sim. Mas a diversidade é boa se tivermos em comum a aceitação e o respeito. Muitos direitos humanos não são respeitados e, entrando em contacto direto com culturas em que acontece o contrário, as pessoas tomam consciência do que merecem, criando uma mentalidade mais aberta e humanitária.
Li algures uma frase que alertava para o facto de que quem não se lembra da História, está sujeita a passar por ela outra vez. E todos nos lembramos de como os judeus foram tratados durante o Holocausto: não foram tratados como pessoas. Acima de tudo somos humanos, e não portugueses, sírios, cristãos ou muçulmanos. Justamente por isso, a nossa prioridade deve ser sempre a Humanidade.

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