Inês Rodrigues foi terceira no Prémio EXPRESSÃO Vox Populi 2015/16 na modalidade de Crónica / Texto de Opinião, ganhando assim 50 Euros. Parabéns. Depois de ter sido apurada na fase de ortografia, o tema que escolheu para desenvolver em texto foi o seguinte:
"Na Europa de hoje estamos a ser
constantemente questionados pelo fluxo migratório vindo dos países muçulmanos
em guerra. Este fluxo não nos pode deixar indiferentes porque provocará
mudanças em termos de mentalidade e em termos da convivência com outros usos e
costumes. Os refugiados vão obrigar-nos a (re)pensar os nossos posicionamentos
sociais perante os outros, perante a cultura e perante a própria vida.” Num
texto bem estruturado, de 250 a 350 palavras, defende um ponto de vista pessoal
sobre a problemática apresentada, fundamentando o teu ponto de vista e
argumentando devidamente."
EIS O TEXTO DA INÊS:
A vinda de refugiados de países
muçulmanos em guerra para a Europa tem gerado, recentemente, muita polémica.
Devemos aceitá-los? Que legitimidade têm eles para vir viver no nosso país?
Muitas pessoas criticam
negativamente este fluxo migratório, argumentando que poderá interferir imenso
na nossa economia. É evidente que interfere, mas não necessariamente de forma
negativa. Muitas destas pessoas querem trabalhar, ter um papel ativo na
sociedade, viver numa casa, alimentar-se bem, constituir família, poder levar
os filhos à escola. Todas estas coisas que para nós são já tão banais, são
coisas de que eles estão muitas vezes, privados, nos seus países de origem. O
quotidiano para eles é a insegurança, a incerteza do amanhã. A única certeza é
o medo, e só a esperança pode superar o medo. Veem na Europa um horizonte, uma
vida melhor, com direitos básicos assegurados. Seremos nós tão egoístas ao
ponto de negarmos comida, casas, empregos e paz a quem há muito não os tem?
Há uma associação feita a essas
pessoas em relação ao terrorismo. Esta ideia baseia-se (im)puramente em
preconceitos. Há, sem dúvida, seres humanos cruéis, capazes de cometer enormes
atrocidades. Mas não é nascer em Portugal ou na Síria que define isso. O
terrorismo é uma constante nesses países: é precisamente disso que as pessoas
querem fugir. Há muitas diferenças culturais entre nós e os refugiados, está
claro. Mas pode haver um bom entendimento entre culturas diferentes. Porque
somos diferentes, sim. Mas a diversidade é boa se tivermos em comum a aceitação
e o respeito. Muitos direitos humanos não são respeitados e, entrando em
contacto direto com culturas em que acontece o contrário, as pessoas tomam
consciência do que merecem, criando uma mentalidade mais aberta e humanitária.
Li algures uma frase que alertava
para o facto de que quem não se lembra da História, está sujeita a passar por
ela outra vez. E todos nos lembramos de como os judeus foram tratados durante o
Holocausto: não foram tratados como pessoas. Acima de tudo somos humanos, e não
portugueses, sírios, cristãos ou muçulmanos. Justamente por isso, a nossa
prioridade deve ser sempre a Humanidade.
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