Uma tradição que une dois mundos, a dos vivos e a dos mortos. Esta
celebração de origem mexicana, que surgiu quando este país ainda era ocupado
por uma população indígena, tem por base o culto da morte havendo a crença na
dualidade da vida. Quando este país foi conquistado, unificou-se o culto da
morte indígena com a religião católica, estendendo-se até aos dias de hoje. A
sua celebração é feita todos os anos a 1 e 2 de novembro e consiste na decoração
dos cemitérios com flores e colocação de altares nas casas de cada família. As
famílias mexicanas recriam estes altares com o intuito de receber as almas dos
seus entes queridos já falecidos, oferecendo-lhes tudo aquilo de que estes
gostavam em vida. Por regra, os altares possuem as comidas e bebidas
preferidas, crânios de açúcar, velas, uma cruz, incenso, flores, objetos
pessoais, sal, copo com água e o tão afamado pão do morto.
No contexto destas celebrações, o Grupo Disciplinar de Espanhol, o Núcleo
de Estágio e os alunos da disciplina recriaram na sede do Agrupamento Escolar,
Escola Secundária Afonso de Albuquerque, um altar referente ao Día de los Muertos.
Em virtude do “El
Día de los Muertos” ser uma tradição mexicana, o leitmotiv do “Altar de los Muertos” foi uma lendária figura
mexicana – a pintora Frida Kahlo.
Frida, ainda hoje, é considerada uma mulher
carismática. Apesar da sua pequena estatura e das agruras que perpassaram o seu
trajeto, conseguiu erigir-se e perpetuar-se na história de um país e, inclusive,
na nossa história. É impossível ficar indiferente à sua obra que é também um
reflexo da sua (sofrida) vida.
A pintora moveu-se no círculo dos grandes
muralistas mexicanos com quem partilhou os seus ideais. Demarcou-se destes,
porém, ao criar uma pintura pessoal e metafórica, fruto de uma agudizada
sensibilidade desencadeada por incidentes que marcaram profundamente a sua
existência.
Recorde-se que Frida, com seis anos de idade,
contraiu poliomielite, o que lhe causou uma lesão no pé direito e uma deformação da perna; aos
dezoito anos, sofreu um grave acidente, na colisão entre o autocarro, em que
circulava, e um elétrico. Este episódio condicionou irremediavelmente a sua
vida e determinou, muito provavelmente, a sua carreira de artista. Foi depois
do acidente, durante um longo período de convalescença, que Frida aprendeu a
pintar e a imergir no complexo enredo psicológico, o qual se traduz nas suas
obras. A pintora sofreu perfuração nas costas e ficou gravemente ferida. Por
esta altura, sofreu várias intervenções cirúrgicas, como forma de reconstruir o
seu corpo, tendo sido forçada a usar coletes ortopédicos. Esta fase está
magistralmente refletida na tela de Frida – “A
Coluna Partida” – cuja
reprodução não podia faltar na exposição dedicada ao “Día de los Muertos”. É a
partir desta etapa que a artista mexicana pinta, usando-se como modelo
principal, pois, como afirmou, “Pinto autorretratos
porque estoy mucho tiempo sola”. Foi precisamente a solidão que a levou a
centrar-se na sua autoimagem, como modelo, e a libertar-se da cama onde estava
amarrada através da arte. Por isso, Frida diz- “Piés, para qué los quiero, si tengo alas para volar”. Esta frase
reflete o pensamento e a força libertadora que nela reside. Impossibilitada de
andar, Frida liberta-se da incapacidade física e realiza-se através da arte.
O Altar pretende fazer uma homenagem a Frida, o que justifica a escolha
criteriosa dos elementos decorativos, das frases mais famosas proferidas pela
artista e das imagens de Diego Rivera, o pintor muralista mexicano que
arrebatara, para sempre e de modo tumultuoso, o coração da pintora.
Convidamos, por isso, toda a comunidade escolar a visitar o altar e a
interpretar os elementos neles presentes como forma de conhecer e (re)ver
passagens da vida e da obra de Frida Kahlo, prestando, desta forma, o seu
tributo.
O Núcleo de Estágio de Espanhol:
Ana Cunha, Isa Severino e Magna Bessa
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