sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

MARIA MARGARIDA MADEIRA (12º E) Uma aluna da ESAAG na Antologia 2016 da Chiado Editora


“Mil poetas invadem Lisboa”, foi assim que a Agenda Cultural de Lisboa anunciou o evento em que, já pela sétima vez, a Avenida da Liberdade iria acolher no Teatro Tivoli BBVA em 23 de outubro de 2016 o lançamento da anual Antologia de Poesia Contemporânea (Entre o Sono e o Sonho) da Chiado Editora. Tendo participado e estado presente no evento, posso testemunhar a dita invasão e afirmar que lhe merece esse mesmo nome.
De acordo com o antólogo Gonçalo Martins, a constante organização de cada edição tem um objetivo: quando dentro de vinte anos alguém questionar o que era a poesia portuguesa de há vinte anos atrás, a antologia será, por si mesma, a resposta ideal. No meio do milhar de autores participantes, integro uma pequena parte de mim na resposta a essa pergunta.

Na obra que é resultado do trabalho da Chiado Editora e de um conjunto de ideias poéticas espalhadas um pouco por todo o país, conseguimos, quase sem dar conta (ou, pelo menos, falo por mim), unir-nos e criar uma pequena eternidade resultante da sua publicação.
Aqui fica o poema publicado.

Ciano, que gosta de ser o começo.
O tom inocente que faz os inocentes despertar,
e que não me dá inocência suficiente
para conhecer o seu verdadeiro perfume.

Como pode esse azul, de tão pouco mistério,
ter tanto a esconder?

Infinitos pontos de partida,
todos do mesmo tom,
que evoluem para infinitos desfechos,
todos igualmente diluídos em breu.

E como pode esse breu, de tanto mistério,
ter escondido tão pouco?

Gosto de ouvir o que a chuva tem a dizer sobre os tons que a deixam cair.

A escuridão só exalta os que sabem
que têm um começo pela frente,
e o começo só não exalta
porque chega sempre em tons de ciano.

O tom traidor que desperta os inocentes,
porque lhes mente com o ar de quem jura,
e jura tudo aquilo que mente.
MARIA MARGARIDA MADEIRA

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