sábado, 24 de março de 2018

ANA CATARINA PLÁCIDO O texto que ficou em 2º lugar no Prémio EXPRESSÃO Vox Populi

       Eis o texto de Ana Catarina Plácido que ficou em 2º lugar no Prémio EXPRESSÃO Vox Populi. O tema, um dos dois a concurso, foi a "Igualdade de género". 

TEMA A // Igualdade de género
É realmente triste estarmos em pleno século XXI e ainda falarmos na luta pela igualdade de género. Tenho vergonha de não ter nascido na época certa: com “época certa” refiro-me à época em que não se considere uma vitória uma mulher ir assistir a um jogo de futebol , conduzir, amar quem ama, receber o mesmo que o seu colega-homem no exercício das mesmas funções e em que possa dizer o que sente e pensa quando o sente e pensa. Por agora é demasiado pedir apenas isto.
Sou feminista e detesto ser feminista. Percebo muito deste assunto, quem me dera não ser necessário. Vivo em Portugal, mas, neste momento, quem me dera viver na Islândia ou na Alemanha. Todas estas desigualdades haituais entre os dois sexos são os monstros no meu armário. Sou questionada várias vezes sobre qual é o meu maior medo: então vou dizer-vos qual é. O meu maior medo é: passar todos estes anos a estudar, como tantas outras raparigas dedicadas e trabalhadoras e acabar a receber menos do que o meu colega com uma única justificação: ele é homem. É ter que concordar em não ter filhos durante um determinado período de tempo  para poder ser contratada. É chegar a casa e ter tarefas a fazer, depois de oito duras horas. É ver a minha filha ser chamada de “mundana” porque quer dirigir uma peça de teatro ou tomar as suas próprias decisões. É ver a história repetir-se com a minha neta. E que nada nunca mude.
As mulheres em Portugal encontram-se à frente de hospitais, escolas, partidos políticos e instituições. Hoje são juízas, deputadas e até diplomatas. Hoje já se reconhecem alguns dos seus direitos. Isto só esclarece o porquê de até agora terem sido discriminadas: os homens têm medo das mulheres e e de toda a inteligência e capacidade que possuem.
O caminho é longo, a mentalidade é a coisa que mais custa a mudar, mas tudo começa em casa. Trate os seus dois filhos por igual, não há tarefas apenas destinadas à sua filha. Não seja como muitos pais que já conheci: crie a sua filha exatamente da mesma maneira que o seu filho. Faça-os crescer num lar parecido ao meu e não ao de muitas pessoas que me rodeiam.

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