Em 1991 Sophia deu uma longa entrevista ao JL, Jornal de
Letras. Nessa entrevista, perante o Acordo Ortográfico (AO) aprovado em 1990 e ainda não em vigor, Sophia respondia assim sobre o AO:
«Considero o acordo ortográfico
proposto um ato anticultural e redutor.
Pois:
1 – A cultura é feita de exigência e
este acordo é feito de transigência.
2 – Vai alterar, em muitos casos, a
dicção oral.
3 – Vai desfigurar o carácter
emblemático e a estética da escrita.
4 – Vai-nos separar da tradição
grega e latina e, assim, para os estrangeiros que falam línguas românicas, o
Português vai-se tornando mais difícil.
5 – Vai destruir a modulação das
vogais, tornando algumas delas surdas.
6 – O acordo nada unifica, pois
constantemente recorre a alternativas.
7 – A escrita nunca pode coincidir
com a fala.
8 – A ortografia pertence ao número
de coisas que só raríssimas vezes devem ser modificadas, pois também na forma
gráfica nos reconhecemos.
9 – É verdade que as línguas
evoluem, mas evoluem dentro das leis que lhes são próprias e segundo o espírito
criador do tempo. O mesmo é verdade para a escrita que, por isso, não pode ser
modificada por comissões nem por estratégias políticas.
10 – A única palavra portuguesa cuja
ortografia precisa de ser mudada é dança que se deve escrever
com "s" como era antes, porque o "ç" é uma
letra sentada».
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