sexta-feira, 1 de novembro de 2019

31 VEZES SOPHIA (26) O poema de Sophia que não era de Sophia



“O mar dos meus olhos” é o título de um poema que tem passado na Internet como poema de Sophia de Mello Breyner. É mentira mas muitos sites continuam a apresentá-lo como sendo da autora. E entretanto o problema já se resolveu, isto é, já se esclareceu.
Uma juíza, Adelina Barradas de Oliveira, escreveu em 2009 no seu blogue Cleopatra Moon um poema de homenagem a Sophia no dia em que se completavam cinco anos após a morte da poeta. Deu-lhe o nome SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, colocou a seguir o poema e assinou com as iniciais ACCB, como sempre fez aos seus poemas. Bastou uma partilha errada de um leitor apressado (como há tantos) para dar uma tremenda confusão que durou vários anos. A juíza há alguns meses ficou desconfortável com esta situação, esclareceu-a e referiu sobre os seus hábitos de escrita: "Escrevo por escrever, como quem fuma por fumar, ou vai até à beira do mar para poder respirar e voltar ao trabalho e à rotina do dia-a-dia. É assim como uma forma de estar sozinha comigo observando o mundo lá fora".
E querem uma curiosidade a propósito disto? Ao procurar no Google em fevereiro passado o poema “O mar dos meus olhos”, um jornalista do PÚBLICO encontrou 18.000 resultados, enquanto que “Esta é a madrugada que eu esperava” tinha menos de 5.000 resultados e a “Meditação do Duque de Gândia” menos de 3.000 resultados. Incrível, não é?
Aqui fica o poema de ACCB:

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma

E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma
                                                            (ACCB)

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