Alegria, porque revi, cara a cara,
os meus alunos. A alegria do reencontro numa situação de pandemia não pode,
contudo, ser plena. O estar na sala de aula, o ouvir e fazer ouvir. O partilhar
conhecimentos, o prazer de aprender ainda com eles ou eles comigo.
Mas nada é igual. É uma alegria
estranha que se entranha em nós. Não há, à nossa frente, o sorriso juvenil,
descarado e apaixonado. Há uma série de rostos tapados por uma máscara que,
minuto a minuto, nos relembra que vivemos tempos perigosos. Não há a alegria
expansiva dos adolescentes. Há rostos (melhor, pedaços de rostos) que
transmitem medo e inibem a partilha total.
Por isso, a tristeza. Esta não é a
Escola que criámos durante anos; não é o ensino que nos deu tantas alegrias.
Tudo vai ficar bem? Não, não podemos voltar a ficar bem. Haverá sempre algo que
nos inibe. Onde o abraço espontâneo para exprimir a alegria do reencontro? Onde
a possibilidade do beijo de parabéns à aluna que celebra o aniversário? Não,
esta Escola não é aquela em que vivi 38 anos, que me deu tantas alegrias.
No entanto, em termos de
organização, está tudo no bom caminho. Se houver casos, não será culpa da
Direção que pôs a funcionar uma máquina bem oleada em que tudo encaixa. Nos
percursos, na limpeza das salas, na segurança que acabamos por sentir ao
regressarmos.
Hoje, porém, foi um dia estranho.
Que prevaleça a alegria da esperança em dias melhores.
José Manuel Monteiro
20 de maio de 2020
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