VERSÃO 2.0
(pelos alunos do 9º E)
CENA 4 - O DONO DE UMA REDE DE CASINOS
Chega,
ao cais, o Dono de uma rede de casinos. O Dono dos casinos tem uma grande
ferida na cabeça e traz um fato elegante e uma mala preta, cheia de dinheiro; a
saltar na sua mão, uma ficha de jogo.
Dono
de casinos – (dirigindo-se ao Diabo) Ó
Chifrudo! Como é que posso ir para a Barca da Glória?
Diabo
–
(rindo-se, confiante) Não sabes que os ladrões vão para o Inferno?
Dono
de casinos – (ofendido) Ladrões?! Mas quem
sempre ajudou as pessoas é ladrão? Sempre emprestei dinheiro para que os meus
clientes jogassem!
Diabo
– (apontando-lhe o dedo)
Ai,
não és ladrão?! Cobraste juros altos e usaste máquinas de jogo ilegais e não és
ladrão? Ó, meu irmão: usavas a tentação e o vício para teres lucro!
Dono
de casinos – (com um ar
de quem se sentia insultado)
Máquinas
ilegais nunca entraram no meu casino! Estiveram lá, durante algum tempo,
máquinas que não estavam registadas, mas foi porque as minhas estavam
avariadas!
Parvo
– (coçando,
ironicamente, a cabeça) Pois, pois,…
E estiveram avariadas durante quantos anos? Meio século?
Dono
de casinos – Cala-te, ó parvo, que não és para aqui
chamado! Por que é que não vais ver se está a chover?
Diabo
–
(sorrindo, com ar de gozo) Parece que és cá dos meus!!!... (dirigindo-se
ao Parvo) Sim, ó parvalhão, vai ver se está a chover! (virando-se, de
novo, para o Dono dos casinos) Olha, entra aqui, que podes continuar a ter
um casino, lá onde eu reino. Aliás, podemos ganhar muito com essa tua apetência
para o engano e a intrujice!
Dono
de casinos – Mas eu não sou intrujão, nem nunca
enganei ninguém: quem ia ao meu casino jogava porque queria. E se, quando
perdiam tudo, me pediam mais dinheiro emprestado para jogar, o que é que eu
havia de fazer? Só os queria ajudar a recuperar o que tinham perdido! E é
lógico que eu também não podia perder dinheiro: quando emprestava, tinha que
cobrar juros, não era?
Parvo
– (com
um esgar de gozo) Claro: emprestavas 1000 e tinham de te pagar 10000, ó
cabrão! Por isso levaste um tiro nos corn…, perdão, nessa cabeçorra, não é?
Dono
de casinos – (fingindo não ter ouvido) Mas,
afinal, onde se encontra a Barca da Glória? (começa a sair dali)
Parvo
– (rindo-se)
Mas tu ainda não percebeste que na Barca do Céu não entram merdosos nem ladrões
como tu? Quem rouba em vida sofre na morte!
O
Dono do casino dirige-se à Barca da Glória, onde se encontra o Anjo, a limpar a
Barca.
Anjo
– (com
voz doce) Que procuras tu nesta
Barca?
Dono
de casinos – Esta é a Barca que vai para o Paraíso?
Anjo
– (com um tom irónico) Sim, a
Barca onde tu nunca entrarás!
Dono
de casinos – (irritado) Por que não hei de eu entrar?
Parvo
–
(troçando) Ó seu cabrão!!! O dinheiro no estrangeiro para fugir aos
impostos não te diz nada? Tanto que
andaste a mamar nas máquinas ilegais!...
Dono
de casinos – (aos berros) Respeito! As
máquinas eram antigas e estavam viciadas, perdão, avariadas!
Parvo
–
(troçando) Fugiu-te a boca para a verdade, não foi? Coi-ta-di-nho!!!...
Anjo
– E
quanto aos impostos? Aqueles que não pagavas, prejudicando todos os teus
compatriotas? É mentira?
Dono
de casinos – Olhe, não tinha como pagar os altos impostos, porque ajudava quem mais
precisava: como emprestava muito dinheiro e nem sempre mo devolviam a tempo,
não tinha dinheiro para pagar nada.
Anjo
– Neste
Batel não há lugar para a mentira nem para as malas de dinheiro. A outra Barca
sim, terá lugar para ambos.
Dono
de casinos – (suplicando) Olhe, Anjinho, eu
pago-lhe tudo o que me pedir para entrar na sua Barca. (abre a sua pasta e
mostra o dinheiro) Vê, tenho aqui mais do que o suficiente para o bilhete!
Parvo
–
(rindo, enquanto o Anjo acena que não com a cabeça) Um bom anjinho me
saíste tu, se achas que o dinheiro sujo paga a entrada nesta Barca linda! E em
dólares, né?
Dono
de casinos – E eu a pensar que tinha feito tão bem a
tantos! Então, sempre é para aquela
Barca que me devo encaminhar, não é? (com um ar cabisbaixo e abatido)
Vamos lá, então.
O
Dono dos casinos dirige-se, de novo, triste e cabisbaixo, à Barca do Inferno,
onde um Diabo sorridente o espera.
Diabo
– Embarca,
não temos tempo a perder! E senta-te ali, junto aos remos, que aqui não há
capangas nem seguranças: cada um rema por si!
0 comentários :
Enviar um comentário
Os comentários anónimos serão rejeitados.