sábado, 13 de fevereiro de 2021

BEATRIZ NUNES (6º C) O conto de Natal distinguido no passatempo da BMEL

Beatriz Nunes mostrando a ilustração
que o seu conto recebeu


A Beatriz com a Prof. Bibliotecária
Adelaide Mariano
 
Beatriz Nunes com o professor
José Manuel Varandas


Beatriz da Silva Nunes (6º C, Esc. Santa Clara) foi um dos 3 contemplados no passatempo CONTOS DE NATAL da BMEL (Escalão Juvenil). Parabéns, Beatriz! Aqui fica o conto distinguido.

Espírito de Natal

Era uma vez uma família pequenina que tinha três elementos: pai, mãe e uma pequenina menina linda. Amavam-se muito! Tinham apenas um senão: não tinham espírito natalício, quer dizer…tinham perdido há muito tempo a vontade de celebrar o Natal!

Na sua casa não se viam as luzinhas a piscar, muito menos bolas coloridas espalhadas num pinheiro, num qualquer canto da sala. Já nem se fala no tradicional presépio, que tinha desaparecido há muitos anos! A mãe não fazia as receitas que costumam cheirar a canela e que invadem todos os narizes! Enfim…naquela casa não reinava o espírito natalício! Na escola, todos perguntavam à pequenita se já tinha escrito a carta ao Pai Natal. Ela encolhia os ombros e nada respondia. Via-se nos olhos uma tristeza imensa, o seu Natal não era como o dos seus colegas; todos iam ter um telemóvel novo, um brinquedo especial, um livro do Harry Potter, uma roupa nova ou então iriam de férias, mas a pequenina sabia que nada disso iria ter!

A sua melhor amiga andava intrigada por que razão a sua pequena amiga nada dizia do Natal. Mas ela nada dizia e disfarçava com uma ou outra brincadeira, o que se tornava um pouco difícil, pois nesse mesmo ano, vindo de longe, surgiu um vírus que os obrigava a brincar de máscara na cara, mas desenganem-se, não era só para brincar! As máscaras, agora, estavam sempre coladas às caras das crianças e adultos como se fossem uma segunda pele. As salas de aula eram agora ponto de encontro de olhares, uns ansiosos, outros marotos, alguns tristes devido a este vírus que provocou numa pandemia tão grande que conseguiu chegar a todos os pontos do mundo!

A pequenina menina levava os dias a estudar e a brincar até que num dia muito chuvoso e ao voltar a casa viu o seu pai a chorar com um cotovelo na mesa da cozinha. Tinha perdido o seu emprego numa fábrica que construía, curiosamente, enfeites de Natal. Nem assim o espírito do Natal o afetou ao longo dos anos. A sua vida tinha sido até agora cheia de tristezas e mágoas, pois tinha perdido o seu pai numa noite de Natal! E agora por causa de um vírus viu a fábrica onde trabalhava fechar para sempre, porque com a falta de vendas já não havia dinheiro para pagar salários! A filha ficou tão triste por ver assim o seu pai que resolveu tentar dar alguma alegria aquela família que, de algum modo, era tão tristonha e sem fé e esperança.

Ao voltar à escola, no dia seguinte, decidiu contar à sua amiga do coração o que se passava com a sua família e que não sabia como modificar as coisas. Tinha de arranjar uma solução para que nesse Natal o espírito festivo voltasse e serem uma família igual a tantas outras. Se calhar tinha de comprar presentes ou fazer uma árvore de Natal enorme e cheia de coloridas bolas e centenas de luzinhas, afinal os meninos da escola diziam que era assim o Natal!

Agora todos os dias, quando voltava para casa, o seu pai já lhe tinha preparado o lanche e em conjunto comiam torradas com doce de abóbora e bebiam chocolate quente! E quem diria, o pai era um Ás na matemática e até já lhe tinha explicado as danadas das equações e expressões numéricas que tanto a chateavam.

De vez em quando o seu pai já a ia buscar à escola e iam sempre pelo caminho mais longo para a pequenina menina ver os passarinhos no jardim ou a fonte iluminada! Cada vez que isso acontecia o coração da menina aquecia de tanta felicidade!

O seu pai tinha aprendido a fazer certas coisas em casa e para ajudar a mãe adiantava sempre o jantar. Assim, quando ela regressava do seu emprego já tinha mais tempo para ver a sua novela e esticar-se no sofá depois de tomar o seu banho. Pareciam uma família a sério! Afinal o vírus até lhes trouxe coisas boas!

Por causa daquele maldito vírus não podiam sair de casa por qualquer coisa, os fins de semana eram passados em casa sentados no sofá enrolados numa mantinha, com a lareira acesa e a ver aqueles filmes totós que dão na tv e que só falam de Natal. A mãe fazia umas pipocas no micro-ondas e o pai tratava das bebidas quentes, chá para a mãe e chocolate quente para o pai e para a pequenina menina (eram os gulosos da família).

Num desses fins de semana a pequenina menina lembrou-se de colocar uma música de Natal a entoar pela casa e qual não foi o seu espanto quando viu o pai a abraçar a mãe e a dançar com ela no hall de entrada da casa! Sentiu-se tão feliz que pediu à mãe para fazer bolachinhas de canela para o lanche.  Que bem que cheirava naquela casa! Tinha decidido. Naquele ano tão triste iria haver Natal lá em casa!

Foi para o quarto, pegou numa tesoura e papel, fez pequenas bolas e coloriu-as com os marcadores de feltro. Com restos de fitas de presentes de aniversário fez pequenos laços e pendurou estes enfeites numa planta enorme que a mãe tinha no canto da sala. Não era propriamente uma árvore, mas isso não era o mais importante! Os pais ao verem aquilo sorriram e deram um enorme beijo à menina. Faltavam as luzinhas, mas a pequenina não tinha encontrado nada para colocar e, então, lembrou-se de pôr umas velas, mas logo os pais lhe explicaram que era perigoso!

Na véspera de Natal o pai recebeu um telefonema e ficou tão feliz que saltou da cadeira com uma velocidade que nem dá para explicar. Disse que tinha de sair, mas que voltava logo. Passada uma hora o pai voltou com uma pequena caixa e disse que aquele iria ser o presente de Natal da família! Explicou que recebera a resposta a um emprego e iria começar a trabalhar logo no primeiro dia de janeiro!

Que alegria que foi…aquela família estava imensamente feliz!

A menina, curiosa, perguntou o que estava dentro da caixa. O pai abriu e lá dentro milhares de luzes estavam a piscar, era o que faltava na “árvore” daquela família.

A pequenina menina sorriu, disse que o mais importante não eram as luzinhas, as bolinhas coloridas, a árvore ou os presentes!

O mais importante já tinha conquistado, que era a união e o amor que tinham entre si!

Esse sim, era o verdadeiro espírito de Natal!

 Beatriz da Silva Nunes, 12 anos

Nº 4, 6ºC

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