Beatriz Nunes mostrando a ilustração que o seu conto recebeu |
A Beatriz com a Prof. Bibliotecária Adelaide Mariano |
Beatriz Nunes com o professor José Manuel Varandas |
Beatriz da Silva Nunes (6º C, Esc. Santa Clara) foi
um dos 3 contemplados no passatempo CONTOS DE NATAL da BMEL (Escalão Juvenil). Parabéns,
Beatriz! Aqui fica o conto distinguido.
Espírito de Natal
Era uma vez uma
família pequenina que tinha três elementos: pai, mãe e uma pequenina menina
linda. Amavam-se muito! Tinham apenas um senão: não tinham espírito natalício, quer
dizer…tinham perdido há muito tempo a vontade de celebrar o Natal!
Na sua casa não se viam
as luzinhas a piscar, muito menos bolas coloridas espalhadas num pinheiro, num
qualquer canto da sala. Já nem se fala no tradicional presépio, que tinha desaparecido
há muitos anos! A mãe não fazia as receitas que costumam cheirar a canela e que
invadem todos os narizes! Enfim…naquela casa não reinava o espírito natalício! Na
escola, todos perguntavam à pequenita se já tinha escrito a carta ao Pai Natal.
Ela encolhia os ombros e nada respondia. Via-se nos olhos uma tristeza imensa,
o seu Natal não era como o dos seus colegas; todos iam ter um telemóvel novo,
um brinquedo especial, um livro do Harry Potter, uma roupa nova ou então iriam
de férias, mas a pequenina sabia que nada disso iria ter!
A sua melhor amiga
andava intrigada por que razão a sua pequena amiga nada dizia do Natal. Mas ela
nada dizia e disfarçava com uma ou outra brincadeira, o que se tornava um pouco
difícil, pois nesse mesmo ano, vindo de longe, surgiu um vírus que os obrigava
a brincar de máscara na cara, mas desenganem-se, não era só para brincar! As
máscaras, agora, estavam sempre coladas às caras das crianças e adultos como se
fossem uma segunda pele. As salas de aula eram agora ponto de encontro de olhares,
uns ansiosos, outros marotos, alguns tristes devido a este vírus que provocou
numa pandemia tão grande que conseguiu chegar a todos os pontos do mundo!
A pequenina menina
levava os dias a estudar e a brincar até que num dia muito chuvoso e ao voltar
a casa viu o seu pai a chorar com um cotovelo na mesa da cozinha. Tinha perdido
o seu emprego numa fábrica que construía, curiosamente, enfeites de Natal. Nem
assim o espírito do Natal o afetou ao longo dos anos. A sua vida tinha sido até
agora cheia de tristezas e mágoas, pois tinha perdido o seu pai numa noite de Natal!
E agora por causa de um vírus viu a fábrica onde trabalhava fechar para sempre,
porque com a falta de vendas já não havia dinheiro para pagar salários! A filha
ficou tão triste por ver assim o seu pai que resolveu tentar dar alguma alegria
aquela família que, de algum modo, era tão tristonha e sem fé e esperança.
Ao voltar à escola, no
dia seguinte, decidiu contar à sua amiga do coração o que se passava com a sua
família e que não sabia como modificar as coisas. Tinha de arranjar uma solução
para que nesse Natal o espírito festivo voltasse e serem uma família igual a
tantas outras. Se calhar tinha de comprar presentes ou fazer uma árvore de Natal enorme e cheia de coloridas bolas e centenas de luzinhas, afinal os
meninos da escola diziam que era assim o Natal!
Agora todos os dias,
quando voltava para casa, o seu pai já lhe tinha preparado o lanche e em
conjunto comiam torradas com doce de abóbora e bebiam chocolate quente! E quem
diria, o pai era um Ás na matemática e até já lhe tinha explicado as danadas
das equações e expressões numéricas que tanto a chateavam.
De vez em quando o seu
pai já a ia buscar à escola e iam sempre pelo caminho mais longo para a pequenina
menina ver os passarinhos no jardim ou a fonte iluminada! Cada vez que isso
acontecia o coração da menina aquecia de tanta felicidade!
O seu pai tinha
aprendido a fazer certas coisas em casa e para ajudar a mãe adiantava sempre o
jantar. Assim, quando ela regressava do seu emprego já tinha mais tempo para
ver a sua novela e esticar-se no sofá depois de tomar o seu banho. Pareciam uma
família a sério! Afinal o vírus até lhes trouxe coisas boas!
Por causa daquele
maldito vírus não podiam sair de casa por qualquer coisa, os fins de semana
eram passados em casa sentados no sofá enrolados numa mantinha, com a lareira
acesa e a ver aqueles filmes totós que dão na tv e que só falam de Natal. A mãe
fazia umas pipocas no micro-ondas e o pai tratava das bebidas quentes, chá para
a mãe e chocolate quente para o pai e para a pequenina menina (eram os gulosos
da família).
Num desses fins de
semana a pequenina menina lembrou-se de colocar uma música de Natal a entoar
pela casa e qual não foi o seu espanto quando viu o pai a abraçar a mãe e a
dançar com ela no hall de entrada da casa! Sentiu-se tão feliz que pediu à mãe
para fazer bolachinhas de canela para o lanche.
Que bem que cheirava naquela casa! Tinha decidido. Naquele ano tão
triste iria haver Natal lá em casa!
Foi para o quarto,
pegou numa tesoura e papel, fez pequenas bolas e coloriu-as com os marcadores
de feltro. Com restos de fitas de presentes de aniversário fez pequenos laços e
pendurou estes enfeites numa planta enorme que a mãe tinha no canto da sala. Não
era propriamente uma árvore, mas isso não era o mais importante! Os pais ao
verem aquilo sorriram e deram um enorme beijo à menina. Faltavam as luzinhas,
mas a pequenina não tinha encontrado nada para colocar e, então, lembrou-se de
pôr umas velas, mas logo os pais lhe explicaram que era perigoso!
Na véspera de Natal o
pai recebeu um telefonema e ficou tão feliz que saltou da cadeira com uma velocidade
que nem dá para explicar. Disse que tinha de sair, mas que voltava logo.
Passada uma hora o pai voltou com uma pequena caixa e disse que aquele iria ser
o presente de Natal da família! Explicou que recebera a resposta a um emprego e
iria começar a trabalhar logo no primeiro dia de janeiro!
Que alegria que
foi…aquela família estava imensamente feliz!
A menina, curiosa,
perguntou o que estava dentro da caixa. O pai abriu e lá dentro milhares de
luzes estavam a piscar, era o que faltava na “árvore” daquela família.
A pequenina menina
sorriu, disse que o mais importante não eram as luzinhas, as bolinhas
coloridas, a árvore ou os presentes!
O mais importante já
tinha conquistado, que era a união e o amor que tinham entre si!
Esse sim, era o
verdadeiro espírito de Natal!
Nº 4, 6ºC
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