No MIBE (Mês Internacional das
Bibliotecas Escolares) as Bibliotecas do AEAAG põem o foco nos contos tradicionais, contos de fadas e
fábulas. Nesta rubrica, com a colaboração da BE Vergílio Ferreira, vamos chamar aqui a atenção para as fábulas ao longo dos
tempos, mais ou menos convencionais. Começamos pelas de Esopo.
Esopo foi filho de escravo na Grécia Antiga, tendo vivido nos sécs. VII-VI a.C. Era um grande contador de histórias com animais personificados, tendo sido autor de histórias conhecidas de todos nós como A Raposa e as Uvas, A Cigarra e a Formiga, A Tartaruga e a Lebre, O Lobo e o Cordeiro, entre outras, que continuam a formar as mentes de muitas crianças e adultos com as suas lições de moral e de bom-senso.
La Fontaine dizia sobre Esopo: "Acho que deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte do que os que usam regras e definições". Aqui fica uma destas histórias, retirada duma edição de 115 fábulas traduzidas por Carlos Pinheiro:
O
Lobo e o Grou
Estava
um Lobo a comer carne quando se lhe atravessou um osso na garganta, que o
sufocava. Estando nesta aflição, pediu ao Grou que lhe valesse e que com o seu
pescoço comprido lhe tirasse o osso da garganta e que seria recompensado. O
Grou assim fez e tirou-lhe o osso. Estando livre o Lobo, pediu-lhe então o Grou
uma parte do muito que antes lhe oferecera. Porém o Lobo respondeu-lhe:
— Ó
ingrato! Não te agradeci já o bastante por te ter deixado meter a cabeça dentro
na minha boca, onde facilmente poderia apertar os dentes e matar-te? Não me
peças paga, pois tu é que me deves favor, e bem ingrato és em não reconheceres
tão grande benefício.
Calou-se
o Grou, e ficou muito arrependido do que fizera, dizendo:
—
Nunca mais por gente ruim meterei a cabeça e a vida em semelhante perigo.
MORAL DA HISTÓRIA:
Benefícios feitos a gente perdida são
benefícios perdidos, e podem contar-se por malefícios quando puramente não se
fazem por amor de Deus, que todos os bens tem o cuidado de pagar. A homem desagradecido,
quanto fazeis por ele tudo perdeis, e às vezes com palavras vos carrega,
mostrando que sois vós o devedor, como este nosso Lobo fazia.
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