A sessão solene do 25 de abril hoje na Câmara da Guarda deu a palavra aos representantes dos jovens da cidade. Falaram os dirigentes associativos, entre os quais a nossa Maria Morais, Presidente da Associação de Estudantes do AEAAG. Aqui fica o seu belo discurso.
Agradeço a oportunidade de poder tomar parte nas comemorações
deste dia tão significativo para Portugal. Saúdo a todos com respeitáveis
cumprimentos.
Cada português é uma expressão de
Portugal e é chamado a sentir-se responsável por ele. Este é o preço da
liberdade e, por sua vez, o ideal do 25 de abril. Ser livre não é simplesmente
ocupar o espaço comunitário como nosso, mas é poder, sim, habitá-lo plenamente;
poder moldá-lo de forma criativa, com forças e intensidades novas, como um
exercício deliberado e comprometido de cidadania. Ser livre é sentir-se
protagonista e participante de um projeto mais amplo e em construção, que a
todos diz respeito. É não se conformar com os limites da linguagem, das ideias,
dos modelos e do próprio tempo. O 25 de abril é uma inspiração para ousar
sonhos grandes. E isso é tanto mais decisivo numa época que não apenas nos
confronta com múltiplas mudanças, mas sobretudo nos coloca no interior
turbulento de uma mudança de época.
No itinerário de um país, cada geração é
convocada a viver tempos bons e maus, épocas de fortuna e de infortúnio, horas
calmas e travessias tempestuosas. O importante a salvaguardar é que, como
comunidade, nos encontremos unidos em torno dos valores humanos essenciais,
como a liberdade, e sermos capazes de lutar por eles.
Não há superpaíses, como não há
super-homens. Todos somos chamados a perseverar com realismo e diligência nas
nossas forças e a tratar com sabedoria das nossas feridas, pois é a condição de
tudo o que está sobre este mundo. O 25 de abril de 2022, em concreto,
oferece-nos a oportunidade de nos perguntarmos o que significa amar um país de
forma livre. Uma pensadora europeia, Simone Weil, escreveu o seguinte: um país
pode ser amado por duas razões, e estas constituem, na verdade, dois amores
distintos. Podemos amar um país idealmente, numa imagem de glória, ou podemos
amar um país exposto a imensos riscos. São dois amores diferentes, mas quando é
a fragilidade que nos inflama, a chama e a força do amor é muito maior. É na
adversidade que se conhece o verdadeiro amigo e, neste caso, o verdadeiro
patriota.
É interessante a etimologia da palavra
liberdade “libertas” que significa livre e libertação. Portanto, só se sente
livre aquele que liberta os outros. Celebrar o 25 de abril significa, portanto,
reabilitar, sentir que fazemos parte dos outros, empenharmo-nos na qualificação
fraterna da vida comum. A liberdade desvitaliza-se quando perde a dimensão
humana, quando deixa de colocar a pessoa no centro, quando não se preocupa com
a justiça social, quando os primeiros se esquecem dos últimos.
Velhos e jovens, reformados e jovens à
procura do primeiro emprego todos devem sentir a dignidade da inclusão.
Portugal é uma viagem que fazemos juntos e o maior tesouro que esta nos tem
dado é a possibilidade de ser em comum. E uma grande viagem é como um grande
amor, que nos propõe o ideal do 25 de abril: unidos pela liberdade.
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