ESPERO A LIBERDADE - é o nome de um poema do Mário Costa, aluno do Ensino Recorrente do Estabelecimento Prisional da Guarda, em homenagem ao 25 de abril.
ESPERO A LIBERDADE
Somos homens rudes
Enjaulados em celas
São como abrutes
Digladiando-se como feras
Com as garras afiadas
(Aquilo que chamam mãos)
Cravam as suas punhaladas
Sem nenhuma compaixão
Dementes sem consciência
São puros animais
Dão-me cabo da paciência
Já não aguento mais
Sou cadastrado
Sê-lo-ei até morrer
Estou preparado
Para outra vida viver
Posso não o conseguir
Mas não deixarei de tentar
Vou sempre fugir
Dessa vida de pecado
Neste estúpido buraco
Que mais parece um poço
Espero há um bocado
Sair deste fosso
Uma vala comum
Cheia de lamentos vivos
Verdadeiro dois em um
Onde ando perdido
Uma paisagem morta
Carregada de presságios
Procuro por uma porta
Na íngreme encosta
A um ritmo lento
No passado fugidio
Olho através do tempo
Nesta urbe cinzenta
Arrasto a minha carcaça
Espero pelos ventos de abril
Espero a liberdade
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