Sou uma ex-aluna da Escola Secundária Afonso de
Albuquerque, onde estudei durante 6 anos, do 7º ao 12º ano. Fiz o curso de
Medicina na Faculdade de Medicina de Coimbra e estou agora a fazer a
especialidade de Dermatologia no Hospital da Universidade de Coimbra. A par da
arte de exercer Medicina, mantenho desde sempre também um fascínio pela Língua
Portuguesa e pela arte de escrever. Publiquei o meu primeiro livro em 2011,
“Voando com as minhas Asas-Diálogos entre a Filosofia e a Ciência”, que comecei
a escrever quando ainda era aluna do Liceu, procurando pela Filosofia as
respostas ao eterno mistério das perguntas que se soltam das fronteiras da
Ciência. Pela escrita eternizo os meus pensamentos, o pormenor do meu dia a
dia, as experiências mais marcantes e aprisiono, assim, o meu tempo.
Neste dia 21 de Março de 2015, em que se assinala o Dia
Mundial da Poesia, escrevo-vos também para partilhar duas das mais recentes
antologias de Poesia Portuguesa Contemporânea, “Enigmas”, da Editora Sinapis, e
“Entre o Sono e o Sonho”, da Chiado Editora. Ao reunirem múltiplas vozes da
poesia portuguesa contemporânea representam sem dúvida uma forte homenagem à
Poesia. É com gosto que partilho dois dos meus poemas, “Aves” e “O campo e a
cidade”, com todos os que também se identificam com esta arte de expressão que
é a poesia. A emoção despertada por um acontecimento ou um lugar especial
perdura pela magia das palavras. É assim que sinto a Poesia. Tem esse dom.
Gostaria de agradecer, por fim, ao Blogue EXPRESSÃO o convite para escrever sobre a
escrita e a Poesia.
Neste caminho que percorro
No conforto do rio, remando
Abraçada pelos campos
Deixo a confusão, a tempestade
Da multidão, da cidade
Sigo nesta água calma
E preencho o vazio da alma.
Agora sonho, não corro
Avanço sem esforço
Com a força da vontade
Do mistério, da felicidade
Deste silêncio tão sereno
Que leva um segredo
Para a eternidade.
AVES
Cantam como ninguém
Voando livremente
Num repente estão além
À procura, como a mente
Porque têm asas
Longe a solidão de quem só
Nas suas casas habita
Longe a clausura corpórea
A escuridão, a falsa
história
Em que a gente acredita
Sem poder ver outra vida
Sem ter realmente outra
saída
Assim, ó aves, esse canto é
só vosso
Vibrando no ar com alegria
Sim, há razão para essa
melodia
Observar em pleno o nosso
lar
Este pequeno canto
Perdidos nós, sós, sem notar
Com nada, a felicidade
esquecida
E na curta caminhada da vida
Cada meta, cada luta perdida
A ansiedade, a nossa dor
Ler na verdade o seu valor
Numa perspetiva completa
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