Este foi o texto que o júri do Prémio EXPRESSÃO Vox Populi escolheu para o 1º lugar do Prémio 2014/15, da autoria de José Rodrigues, do 12º A. Parabéns. Os textos do 2º e 3º lugares serão publicados amanhã e na segunda-feira.
UMA ATITUDE DE RAÇA
A humanidade padece, na sua
generalidade, de uma síndrome de superioridade. À medida que esta raça - do meu
ponto de vista existe apenas uma raça, a humana - foi florescendo e descobrindo
novos locais onde se fixar, a evolução procedeu-se de forma divergente, com
culturas extremamente diferentes a surgir ao longo dos tempos.
Com o advento da tecnologia e
consequente globalização, antever-se-ia a emancipação do "homem
novo", isto é, a profusão de culturas levaria a uma humanidade capaz de
absorver mais conhecimento e tradições e seria, como tal, mais completa.
Contudo, as culturas mais
representativas à escala global partilham todas o mesmo princípio intrínseco:
consideram-se detentoras da verdade, que julgam única e nunca plural.
Deste modo, creio que o diálogo
intercultural pleno é, hoje, uma utopia. Apesar de ser uma afirmação forte, é
facilmente justificável. Quando viajamos, a relação cultural estabelecida é
maioritariamente falsa, uma vez que os destinos turísticos estão massificados,
sem identidade. Mais: raros são os imigrantes que se integram na dinâmica de
uma cultura diferente da sua, sendo marginalizados. É isso o diálogo cultural?!
Grandes líderes mundiais procuram
dar o exemplo, com encontros e outros eventos, mas de índole apenas mediática.
Porém, enquanto uns brincam às conversas, outros - ditos fundamentalistas -
promovem ataques e crimes de ódio, levando ao conflito. Poderíamos, em tom
jocoso, associar esta atitude à figura de estilo da sinédoque, de tomar o todo pela
parte, se o assunto não fosse tão sério.
Em relação à temática da
convivência pacífica de culturas, a aparente paz que se vive é uma fraude, como
os repetitivos treinos bélicos, pontuados com declarações de afronta à liberdade
de outras culturas, demonstram.
Por fim, e apesar de o dizer com
mágoa, antevejo que o ódio, derivado da ideia de superioridade, vença os
princípios da tolerância e da liberdade, uma vez que o fanatismo cultural é
incentivado por indústrias como a do armamento ou da segurança. Apesar de os
humanos nascerem bons, como Rousseau defendeu, a sociedade, fragmentada como
atualmente, corrompe-nos.
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