Ana Filipa Calheiros, do 12º A, explorou o tema "diálogo entre civilizações" e ganhou o 3º prémio do Prémio EXPRESSÃO Vox Populi organizado pela ESAAG (através do Blogue EXPRESSÃO) e pela Fundação Vox Populi.
Em biologia, todos os seres
humanos partilham uma existência biológica comum. Em filosofia, o Homem, ser
racional por definição, tem inatamente uma opinião por maior que seja a sua
ignorância e independentemente da sua nacionalidade, condição social ou
religião. A opinião em si é válida só por existir, no entanto o crédito do seu
conteúdo é avaliado pelos argumentos que a justificam.
Apesar da similaridade
biológica, cada um cria ideais e preferências distintas dos restantes e isto
promove uma desigualdade e uma necessidade natural para trocas de opiniões. Do
meu ponto de vista, a minha liberdade termina onde a do outro começa e os
recentes atos terroristas em Paris, são a consequência da falta de compreensão
e cooperação entre pessoas com ideias que não correspondem e que assumem a
oposição daqueles que não partilham a sua visão e/ou usufruem da sua liberdade
de expressão. Sem querer ser parcial, considero importante distinguir crítica
de gozo: existe uma ténue linha a separar o ponto de vista de um e a humilhação
de outro.
Toda esta situação lembra-me
um filme chamado “Ágora” que relata a história de uma filósofa que durante o
Império Romano, ensinava e refletia com os seus alunos sobre ciência e
filosofia: cada aula um debate, cada reflexão uma conclusão. Os alunos da turma
apresentavam variadas crenças: havia pagãos, ateus, cristãos, judeus e nunca
uma discussão sobre tal. Ao mesmo tempo, fora da biblioteca em que que
aprendiam, cristãos e pagãos lutavam e ridicularizavam o(s) deus(es) da outra
fé. A ação culminou em mortes, destruição e noutra guerra, agora entre cristãos
e judeus, com o mesmo final inconclusivo.
Com base em acontecimentos
históricos passados e por todas as razões acima referidas, acreditar na
coexistência pacífica entre civilizações parece um erro. Ainda assim sou da
opinião de que são mais as coisas que nos unem que as que nos diferenciam e, como
tal, a marcha que decorreu em Paris também é a prova que precisava para afirmar
que, na minha opinião, é possível o convívio entre povos e culturas diferentes,
como a noite e o dia existem.
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