Numa entrevista ao EXPRESSO de 8 de
agosto passado José Luís Presa (JLP), presidente da ANESPO (Associação Nacional
das Escolas Profissionais), lamenta o fraco impulso dado pelo Ministério da
Educação e Ciência (MEC) aos cursos profissionais. JLP começa por referir a
ambição de chegar aos 50% de alunos em ensino profissional em 2010 como meta
falhada pelo MEC e as diferenças nesse aspeto em relação aos países europeus. Estamos
nos 42%. A culpa, segundo ele, vem da pouca vontade política do MEC e dos
interesses corporativos, nomeadamente dos professores do ensino regular, que
sentem as suas “quintas” ameaçadas pelo avanço do ensino profissional. Fazer
mudanças e potenciar e reorganizar as ofertas existentes é pois essencial para
José Luís Presa.
JLP refere existirem 36.000 alunos
no ensino profissional e salienta ao longo da entrevista a alta empregabilidade
dos diplomados neste tipo de ensino, na maior parte absorvidos sem dificuldade
pelas empresas onde estagiaram (JLP refere que são 70% os alunos empregados ao
fim de um ano após o curso). Não compreende assim como não se faz nada para
atrair os alunos que acabam por terminar o 12º ano e não prosseguem estudos
superiores e que ficam assim sem qualquer qualificação profissional (sendo
estes à volta de 30% do total). Segundo JLP, o estigma à volta do ensino
profissional tem-se esbatido mas ainda há algumas vozes de “desvalorização”.
O Presidente da ANESPO aponta ainda
os caminhos para o desenvolvimento do ensino profissional: um contínuo
diagnóstico às necessidades do tecido económico-social, e consequentemente às
necessidades de formação e depois o desenvolvimento de “políticas de educação e
formação” adequadas àquele quadro, aproveitando os fundos da UE e pondo-os ao
serviço da qualificação dos portugueses. Acaba dizendo que “os atores que estão
no terreno o que esperam é que lhes sejam dadas condições para melhorar o
ensino profissional dos jovens, preparando-os para a vida ativa e lhes concedam
os meios para apoiar os adultos nas trefas da melhoria das suas qualificações”.
O sistema dual, tal como existe, mostra-se adequado, na opinião de JLP.
Em nenhum momento a entrevista
refere o papel das escolas secundárias em todo o sistema de ensino
profissional. A situação de concorrência entre escolas profissionais e escolas
secundárias com cursos profissionais tem levado a uma guerra surda, sendo
muitas vezes difícil para as escolas secundárias disputar com as profissionais
o público destes cursos quando as profissionais “oferecem” mais do que as secundárias
conseguem oferecer. A disputa segue em banho-maria nomeadamente nas localidades
onde os dois tipos de escolas disputam o mesmo público.
Entrevista completa em: http://expressoemprego.pt/noticias/ensino-professional-batalha-pela-valorizacao/3839
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