Olá, o meu nome é Diogo. Sim, eu sei que não existe forma
mais vulgar de começar uma história mas tenho a certeza de que não haverá forma
mais invulgar de a acabar.
Dizia eu, que
há tempo, mesmo há muito, muito tempo, conheci, ou melhor, ouvi falar de uma
pessoa genial. O seu nome é Darwin e foi graças aos alimentos que se tornou a “winner” (“winner” em inglês significa vencedor).
A história
dele é bem diferente de tudo aquilo que possam imaginar, pois a fama teve um
preço na sua infância: ele era um menino guloso e que antes da sua invenção era
conhecido por ingerir toneladas de açúcar.
– Kit-kat! Eu
não acredito que te esqueceste que hoje é dia de comer Kit-Kat! – Exclamou
Darwin com os nervos à flor da pele.
E a mãe lá
lhe dava a sua dose de açúcar em demasia, temendo que pensassem que era uma má
mãe para o seu filho.
Mas o nosso
rapaz, para além de ter barriga, também tinha bastante inteligência e
curiosidade por aquilo que o rodeava e sabia a constituição de todos os doces
que possam imaginar.
– Trrrriiim! –
Ouvira-se soar o tilintar da campainha que ao ecoar pelos corredores, trazia
gritos eufóricos das crianças que saíam disparadas das salas.
Darwin, que
acabara de sair de uma aula de história onde tinham discutido o tema “Os
Descobrimentos”, pensou para com os seus botões:
– Se os
nossos antepassados conseguiam descobrir especiarias pelos continentes, eu
também conseguirei encontrar doces e chocolates.
E se lhe
falamos de doces ou o nosso amigo pensa em doces, o impossível torna-se
possível: virou a escola do avesso até que encontrou um enorme buraco
patrulhado por formigas em forma de alimento. Era incrível e ao mesmo tempo
bastante esquisito!
O nosso rapaz
não pensou duas vezes e entrou. Sentia-se quase como que a voar. Parecia a
Alice a cair na lura do coelho sem saber as aventuras que o futuro lhe
reservava.
Até que de
repente sentiu a sua cara bater em algo forte e resistente.
– Au! O chão
é mesmo duro! – Murmurou Darwin enquanto massajava a cara com os nós dos dedos.
Levantou-se
firmemente enquanto sacudia o pó nas suas mangas e retomava agora uma
caminhada. Ficou perplexo com o que viu à sua frente: uma cidade inteirinha de
legumes em que os prédios eram vegetais, bem como as pessoas, os animais, as
plantas expostas ao sol (que era como uma manga gigante e reluzente).
Mas a
primeira coisa que o Darwin disse não foi, nem por sombras, um “Uau” de
fascínio mas sim um:
– Blhac! Que
nojo! De todas as cidades e comunidades mágicas de comida que poderiam existir
no mundo, veio-me mesmo a calhar a MIM. O rapaz que odeia alimentos
saudáveis!
– Mas sei que
a tua opinião irá mudar em breve. – Segredou-lhe uma voz misteriosa.
– O meu nome
é Brócolos e esta é uma cidade de alimentos Superprotegida da realidade
cortante como as facas que cortam todos os nossos irmãos lá em cima. Por isso é
que precisamos de ti e da tua ajuda, pois só um sábio nos conseguiria encontrar
no meio de Nenhures às três da manhã.
–
Obrigado pelos elogios, sei que sou muito bom, mas … Não! Sei que isto foi
cortante como disseste porque afinal é a realidade nua e crua: eu não gosto de
alimentos saudáveis! – Ripostou Darwin de modo severo, áspero e frio.
– Mas aqui vais aperceber-te da
importância dos alimentos e a contribuição que eles trazem. Até fazer essa
descoberta podes ficar no hotel Abacaxi mesmo aqui ao lado. Fica por conta da
casa!
E Darwin, aceitando o
desconhecido, dirigiu-se para o “estalojamento” ao lado onde passou a noite.
No dia seguinte, ao pequeno-almoço,
foi um pandemónio.
– Twix! Twix! Não acredito, que num
hotel de 5 estrelas, não têm chocolates recheados com caramelo por dentro! – Fizeram-se
ouvir os gritos estridentes do Darwin.
– O quê? – Interrogava-se um
empregado.
– Ele está maluco! – admitia um cliente
habitual.
– Olha lá, amigo! – Exclamou uma
Batata com ar velho e sábio – Não sabes que, por ventura, nesta terra onde tens
os pés, nós somos os “bonzinhos”? E não acredites que não existem por aí os
mauzões em busca de desprevenidos que se juntem ao lado deles. E olha só que
pura coincidência! – Disse com ar de sarcasmo – Esses doces nauseabundos que te
dão essa gordura extra são os nossos inimigos. Por isso é que esperamos que um
ser humano inteligente como tu nos ajude a lutar contra os doces.
Este discurso tocou mesmo no coração
do nosso jovem e por isso dispôs-se a ajudar e começou a comer vegetais e
legumes e, pouco e pouco, depois cada vez mais, … até que um dia lhe
proporcionaram superpoderes.
Com estes, criou um esquadrão de
vegetais denominado: “Continente”.
Houve uma guerra que ficou na
história: A Segunda Guerra dos Alimentos, a qual os alimentos venceram graças
ao Esquadrão Continente.
No preciso momento em que iam
festejar, Darwin notou que as suas mãos começaram a desaparecer e depois todo ele.
Acordou todo suado, na cama, e
curioso perguntou à sua mãe:
– Quem?… O quê?... Onde?... Quando?…
– Segundo o que me contaram, tu
foste para as traseiras da escola em busca de alimentos e quando encontraste
uma toca de formiga saltaste de cabeça para o buraco e entraste em estado de
coma e começaste a delirar. – Disse-lhe a sua mãe.
Era verdade, a realidade era mesmo
cortante como uma faca, mas mesmo assim, Darwin cresceu, mantendo a mesma
ingenuidade de criança e em homenagem ao seu sonho nunca esquecido, criou o
Continente, o hipermercado que se tornou superfamoso.
Também inventou a primeira
bicicleta recriada com alimentos, e é também o “pai” do smile, pois construiu-o
com legumes. Essas suas obras podem ser vistas nos sacos do Continente.
E é por isso que
Existe o Continente
Porque quem lá entra
Sai sempre contente.
Na realidade, a bicicleta dos sacos
simboliza o avanço para o futuro, como Darwin fez ao criar o Continente. E o
sorriso mostra a expressão facial das pessoas ao saírem do hipermercado
carregando as compras tão desejadas.
Diogo Fernandes, nº6, 5ºA. E.B. Santa
Clara, Clube de Escrita Criativa.
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