Que Fernando, Pessoa?
Escolher entre tudo o que nos
deixou, passa um pouco por procurarmos em si a nossa Pessoa – sem escolher
nomes, filosofias integrais, ou não escolher nada, mas escolhendo-nos a nós com
a sua voz. Faço assim meus os seus desassossegos existenciais, Bernardo. E toda
a sua nostalgia e saudosismo, Álvaro, também me pertencem. E que seria de nós,
Ricardo, sem a nossa ideologia horaciana?
Agora que somos mais próximos,
Fernando, se me permites… Não há
leitor teu que não se encontre em ti, graças à habilidade que tiveste em tornar
coerente a tua incoerência. Afinal de contas, não há pessoa que a não tenha. E,
por isso, queria agradecer-te a vez em que puseste a mão do Bernardo no meu
ombro, para que ele me explicasse que a inteligência abstrata sofre “o mais
horroroso dos cansaços”; também a vez, Álvaro, em que me sujaste a pele com as
manchas escuras de óleo da tua poesia febril; e Ricardo, não fossem os teus
versos coloquiais dar-me tantas bofetadas quantas te peço.
Desejo-te a ti, Fernando, e a nós,
Portugal, que o sismo da(s) tua(s) existência(s) nunca deixe de se replicar.
Mª Margarida Madeira, 12º E
(Imagem de F. Pessoa: revistabula.com)
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