quarta-feira, 29 de março de 2017

O MEU NOBEL - 8 Gide, Grass e Coetzee ou de como a vida é violenta





Estive a contar os nomes dos Nobel da literatura que já li e não passam de 14 num total de 114 escritores. Só falta conhecer 100 e já não tenho tempo para muitos deles. É uma imensidão se multiplicarmos cada um pelos livros supostamente meritórios que produziram. Supomos que pelo facto de serem Nobel nos trazem realidades mirambolantes, novas ideias da vida, talvez um milagre na maneira como nos vão tocar. E há livros que nos impressionam mesmo.

Lembro só dois ou três de leitura recente. J. M. Coetzee, por exemplo, impressionou-me no livro DESGRAÇA, com um retrato por demais violento da África do Sul. É daqueles livros que retrata mesmo a vida tal como ela é, violenta e aqui à nossa beira, com contradições e convívios impossíveis entre realidades e interesses diferentes. De como se prova que o normal na vida humana é o conflito e a violência e não o contrário. Vivemos uns contra os outros.

Gide é um dos escritores franceses mais estimulantes. OS SUBTERRÂNEOS DO VATICANO, SINFONIA PASTORAL e OS FALSOS MOEDEIROS são obras em que vale a pena pegar, com personagens psicologicamente densas e complexas mas a que aderimos. Em Os Subterrâneos do Vaticano imaginem uma personagem a experimentar matar alguém porque simplesmente lhe apetece num ato gratuito ou amoral.

Uma terceira sugestão para Günter Grass e O MEU SÉCULO. Neste livro o Nobel alemão falecido há dois anos apresenta a história alemã e europeia sob diversas vozes, uma por ano, de 1900 a 1999, desde um desempregado, um jovem desiludido ou um guarda nazi. Mais picante ainda depois das revelações sobre o passado do escritor.

Venham à Biblioteca folhear a Exposição Nobel da Literatura até terça-feira, dia 4. Temos à volta de dois terços dos Nobel.
Joaquim Igreja (prof. bibliotecário)

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