Estive a contar os nomes dos Nobel
da literatura que já li e não passam de 14 num total de 114 escritores. Só falta conhecer 100 e já não tenho tempo para muitos deles. É uma
imensidão se multiplicarmos cada um pelos livros supostamente meritórios que
produziram. Supomos que pelo facto de serem Nobel nos trazem realidades
mirambolantes, novas ideias da vida, talvez um milagre na maneira como nos vão
tocar. E há livros que nos impressionam mesmo.
Lembro só dois ou três de leitura
recente. J. M. Coetzee, por exemplo, impressionou-me no livro DESGRAÇA, com um
retrato por demais violento da África do Sul. É daqueles livros que retrata
mesmo a vida tal como ela é, violenta e aqui à nossa beira, com contradições e
convívios impossíveis entre realidades e interesses diferentes. De como se prova
que o normal na vida humana é o conflito e a violência e não o contrário. Vivemos
uns contra os outros.
Gide é um dos escritores franceses
mais estimulantes. OS SUBTERRÂNEOS DO VATICANO, SINFONIA PASTORAL e OS FALSOS
MOEDEIROS são obras em que vale a pena pegar, com personagens psicologicamente
densas e complexas mas a que aderimos. Em Os Subterrâneos do Vaticano imaginem uma personagem a
experimentar matar alguém porque simplesmente lhe apetece num ato gratuito ou amoral.
Uma terceira sugestão para Günter
Grass e O MEU SÉCULO. Neste livro o Nobel alemão falecido há dois anos apresenta
a história alemã e europeia sob diversas vozes, uma por ano, de 1900 a 1999,
desde um desempregado, um jovem desiludido ou um guarda nazi. Mais picante
ainda depois das revelações sobre o passado do escritor.
Venham à Biblioteca folhear a Exposição Nobel da Literatura até terça-feira, dia 4. Temos
à volta de dois terços dos Nobel.
Joaquim Igreja (prof. bibliotecário)



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