A figura emblemática de Winston Churchill ecoa até aos
dias de hoje.
À semelhança do que aconteceu com Bob Dylan, também
Churchill foi uma escolha controversa quando, em 1953, lhe foi atribuído o
Nobel da Literatura. Apesar de ter publicado algumas obras em vida, não foram
estas o fator chave na atribuição do seu Nobel, mas sim os discursos que
proferiu.
Em 1940, discursou perante a Câmara dos Comuns,
brevemente após a sua nomeação para o cargo de primeiro-ministro, numa altura
de urgência e séria instabilidade devido ao caos provocado pela Alemanha nazi,
que continuava incessantemente a sua procura de inteiro domínio da Europa.
O discurso, proferido após a derrota da França, foi
decisivo para o desfecho da II Grande Guerra, e a consequente vitória dos
Aliados, impulsionada, indubitavelmente, através da sua intervenção. Churchill
demonstrou ser o líder que não só o Reino Unido, mas também a Europa
necessitava. Foi com a sua frieza característica que anunciou aos deputados da
câmara qual seria o futuro contra o qual era necessário agir com destreza, e
sem hesitações, até se atingir o fim vitorioso que desejava e,
consequentemente, a derrota inequívoca das tropas alemãs, afirmando, “Esta
Câmara saúda a formação de um governo que representa a vontade única e
inflexível da Nação de prosseguir a Guerra com a Alemanha até uma conclusão
vitoriosa.” Churchill sabia as dificuldades que
teria de enfrentar num futuro próximo com clareza, apresentando-o a quem o
escutava: “Sangue, sofrimento, lágrimas e suor”.
Esta sua atitude despertou a Europa numa altura em que
o mundo todo se matinha mudo, e que, com o tempo, caía cada vez mais no domínio
do fascismo que alastrava rapidamente, e para o qual ele já tinha chamado a atenção - a ameaça alemã que seria inevitável dada a humilhação sofrida no fim
da I Guerra Mundial, assim como o ressurgimento de uma Itália fortalecida.
O contributo de Winston Churchill propaga-se na
atualidade porque, como única figura constante e inquebrável da Guerra - “O
Aliado” - empenhou-se na criação de uma Europa unida e fortalecida, para que os
erros do passado não se repetissem, sendo, por isso, um dos fundadores do
conceito da Europa em que vivemos hoje.
Churchill debateu-se contra um dos maiores desafios do
século XX, numa altura em que a sua liderança teve um impacto evidente e
decisivo no desenlace de uma das Guerras mais mortíferas da Humanidade.
É por isto que considero fulcral o estudo dos seus
discursos, para que o seu exemplo seja seguido, reconhecendo a urgência de
tomar controlo da situação de incrível instabilidade que alastra pelo mundo,
impedindo a propagação dos totalitarismos e extremismos, contra os quais
Churchill assumiu uma posição firme de oposição.
O Nobel atribuído a Churchill é a prova da sua
importância e impacto, e que, apesar de não se tratar de um prémio atribuído
por completo à sua escrita, mostra incomensuravelmente, como o dom de palavra é
capaz de mover massas, despertar a mudança e a perseverança em tempos de
profunda crise de valores e de incerteza do futuro, e no quão decisivo ele pode
ser.
Ana Margarida Neves (12º F)


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