terça-feira, 16 de maio de 2017

WORKSHOP "SOMBRAS CHINESAS" José Neto está a fazer sessões nas escolas do 1º ciclo

          








       José Neto, professor do 1º ciclo, este ano de apoio à Bibliotecas do Agrupamento, está a orientar desde a passada quinta-feira  sessões de sombras chinesas para alunos do 1º ciclo. Num texto muito interessante, ele esclarece o que são as sombras chinesas e como o espetáculo atrai as crianças. 

      Depois do postal de Natal no 1º período, com papel reciclado e impressão em tipografia Freinet; após a construção das cabeças de fantoche no 2º período, também com pasta de papel reciclado, chegou a vez da última atividade: teatro de sombras chinesas.
     Como o próprio nome indica, as sombras chinesas resultam da projeção da sombra de figuras, provocada pela luz de um foco à retaguarda, contra uma tela translúcida. As figuras podem ser ao natural (pessoas) e nesse caso a sombra é projetada contra uma grande tela (lembro-me de encenar a lenda do S. Martinho), ou serem recortadas em  cartolina e manipuladas como num teatro de fantoches. Neste caso basta usar um fantocheiro com a abertura tapada por uma tela branca. É claro que esta atividade é para um público pouco numeroso (20-30 espetadores).
        Parece que esta técnica remonta, diz a lenda, ao tempo do imperador chinês Wu-ti (140 - 87 a.c.): a bailarina favorita do imperador terá morrido e ele pediu/exigiu ao seu mago imperial que a trouxesse do reino das sombras. O mago lembrou-se de criar uma figura da imagem da bailarina e de a projetar em sombra perante o imperador e a sua corte.
       Quanto a mim, a explicação é mais prosaica e é a que tenho transmitido aos alunos: na China, muitas divisões das casas eram separadas por simples tabiques de papel (ou mesmo por biombos do mesmo material). Ora, como o papel é translúcido, a sombra dos ocupantes era naturalmente projetada nas paredes de papel. Essa propriedade foi sendo utilizada no teatro e espalhou-se pelo mundo.
      Voltemos ao workshop deste período. Depois do relativo êxito das atividades anteriores, pensei em desistir das sombras chinesas por considerar esta atividade demasiado simplista e talvez desmotivante. No entanto, após as duas primeiras escolas (Maçainhas com todos os alunos e Augusto Gil com o 1º ano), estou admirado com a reação muito positiva de alunos e colegas professores ou auxiliares. Durante a apresentação da minha história os alunos não emitem um único som. No final demoram a reagir, mesmo conhecendo a história e sabendo que chegou ao fim. Sente-se que foi um momento de alguma magia. De seguida apresento as imagens que originaram as sombras, explico como foram elaboradas, como se movimentam atrás do ecrã e peço a dois voluntários que repitam a história (enquanto eu canto as quadras, com  viola, com os alunos a acompanharem nalgumas partes mais fáceis de memorizar. A história é muito simples e repete-se em todas as escolas: "A Carochinha e o João Ratão".
      Segue-se a preparação da história que foi selecionada pelas escolas, "O peixinho que brilha". Distribui-se a cada aluno um desenho de cada personagem em papel (tamanho médio de 10x10 cm); cada um cola essa imagem numa folha de pacote de leite (é um material muito superior à cartolina e pratica-se a reutilização); segue-se o recorte com cuidado para destacar a silhueta ao máximo; os adultos recortam alguns pormenores com o x-act; aplica-se com fita-cola um arame de aço fininho (muito melhor que os paus de espetadas que fazem tanta sombra como a figura)  e está pronta a personagem para manusear atrás do ecrã. Depois de verificar que a sombra tem os pormenores que queríamos, terminamos a tarefa pois acabou-se o tempo. Agora cada turma vai montar/preparar o seu fantocheiro (todas as escolas possuem um) e ensaiar a história do peixinho que brilha.
       Sempre gostei de explorar as sombras chinesas (muitas vezes menos que o desejável por culpa das metas). É uma atividade bastante interdisciplinar (Português, Expressões Plástica, Dramática e Musical, pesquisa na internet...) e muito motivadora para os alunos. Por outro lado, como os contadores/atores estão escondidos, conseguem libertar-se do seu medo de exposição e todos os alunos se voluntariam para atuar. Após a apresentação de uma história, pode repetir-se a mesma para comparar as várias versões. Para não cansar, costuma passar-se para a improvisação: dois ou três alunos combinam um diálogo ou o guião de uma história, escolhem as figuras do acervo (que vai crescendo com os anos), escondem-se atrás do fantocheiro e... às tantas é preciso mandá-los calar ou desligar-lhes o foco. 

José Neto (professor do 1º ciclo)

0 comentários :

Enviar um comentário

Os comentários anónimos serão rejeitados.