Há pouco tempo assistimos no TMG a
uma encenação da peça de teatro “Antígona” e cada um de nós, espectadores, sentiu
com certeza que o texto é de uma atualidade premente. Para os mais distraídos
lembro que o autor da obra é Sófocles e que a escreveu no século V antes de
Cristo. A peça fala da consciência individual perante o que se passa na
sociedade, do poder do estado, da obrigação de aceitarmos todas as leis e de
uma Lei natural que transcende as leis dos homens. E vimos uma Antígona (bem
interpretada pela Andreia Rocha) a lutar com todas as suas forças por aquilo
que acha justo numa altura em que as mulheres nem sequer tinham direitos.
Vem isto a propósito da força que
ainda hoje reside na cultura clássica e nos valores que ela transmite. Ora a disciplina
de Latim no secundário tem uma forte componente de cultura e por isso prepara
os alunos para encararem a sociedade com olhos diferentes. Para verem na
sociedade injusta uma arena de luta pelos ideais que a humanidade sempre
defendeu.
A par da cultura há a língua que,
embora muitos considerem morta, continua a teimosamente andar por aí no dia a
dia. Quem nunca encontrou ou ouviu nas notícias uma expressão em latim? Não é
verdade que hoje em dia entre os jovens predomina o conceito do carpe diem? (todos eles conhecem o
significado da expressão, não na tradução direta, mas no que ela significa)
Aliás já houve um bar assim chamado na Guarda e um restaurante denominado Domus vini. Quem nunca olhou para o frontispício
do tribunal e viu lá escrito Domus
Justitia? E se formos à Praça Luís de Camões, ou mais vulgarmente Praça
Velha, podemos admirar o ex-libris da
Guarda. Se quisermos concorrer a um emprego temos de enviar um Curriculum vitae; ou fazer um
requerimento ad hoc. Oiçamos a vox populi e deixemos que a cultura
clássica nos envolva ad sacietatem!
Contudo nada de abusos, est modus in
rebus!
José Manuel Monteiro (professor)
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