No dia 8 de
fevereiro de 2018, no Estabelecimento Prisional da Guarda, decorreu um evento tendo
como tema o livro “Vá para fora cá dentro!”, escrito por oito reclusos desta
mesma penitenciária, no âmbito da Oficina de Escrita e Leitura em Voz Alta, dinamizada
pela Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e sob orientação de Américo
Rodrigues.
Para esta atividade, estiveram presentes
alunos do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade do Agrupamento de Escolas de
Celorico da Beira, alguns professores, o Dr. Américo Rodrigues e outras
individualidades.
No decorrer do evento, alguns destes
alunos escolheram e leram vários poemas de diferentes autores, alguns dos quais
ao som da viola. Depois da leitura, alunos e professores questionaram os
próprios autores sobre o que os levou a escrever o livro, a sua motivação e as
emoções e sentimentos que experimentaram ao fazê-lo. Também manifestaram
opiniões pessoais sobre o que pensam sobre a vida dos reclusos que integram o
sistema prisional.
A minha opinião é que a sociedade ainda
não quis abrir os olhos e, por isso, continua a criar um forte estigma em
relação à vida no interior das cadeias e à sua população reclusa.
A maioria das pessoas tem a ideia de que
este espaço correcional alberga pessoas que fazem do viver à margem da lei um
estilo de vida, que só praticam atos de delinquência e que não possuem
quaisquer capacidades para conseguirem ter uma vida social normal e que a “prisão”
é o lugar indicado onde devem passar o resto dos seus dias. Veem estas pessoas
como um constante alarme social, sem lhes darem uma segunda oportunidade.
Enganam-se profundamente!
O preconceito que existe não se pode
aplicar a todos. A verdade é que ninguém é perfeito, todos têm o direito de
errar e acho certo que, quando a lei não é respeitada, o sistema judicial puna
os infratores. Na realidade, parte dos reclusos que se encontram a cumprir as
penas às quais foram condenados são pais e homens de família que tinham o seu
próprio trabalho e as mesmas responsabilidades do dia a dia que toda a gente tem.
Porém, estas estão agora suspensas até ao término das suas condenações.
Os reclusos já estão a pagar pelos erros
que cometeram e o caminho que percorrem desde que são condenados até ao dia da
liberdade não é fácil, tendo de ser acompanhados psicologicamente. Mas o tempo
que aqui passam dentro não é desperdiçado, pelo menos por alguns, que
aproveitam para se reabilitarem, para perceberem e reconhecerem os crimes que
cometeram e sentirem-se aptos para reintegrarem novamente a sociedade. Entre outras
atividades, frequentam a escola e formações de vários tipos, trabalham no
interior do estabelecimento prisional, praticam desporto…
Ao contrário daquilo que pensam e do
juízo que fazem, os “presos” são pessoas perfeitamente normais e muitos deles
possuem um grau de desenvolvimento intelectual superior à média.
Ao invés de existir discriminação social
em relação a estas pessoas, deveriam ajudá-las e aproveitá-las para bens
maiores.
Falco Vieira, 10º R
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