É uma obra original. Com observações
próprias e alheias. O geógrafo relaciona as paisagens reais, “capturadas”
através da lente, das diferentes regiões de Portugal, desde a Serra da Estrela
até aos Açores, com textos descritivos (memórias) de conceituados escritores e
investigadores, de diferentes áreas do saber, nacionais e estrangeiros.
Descreve e produz um puzzle geográfico, híbrido e transgénico da nossa
modernidade que heroicamente (tempos idos) nos preenche o nosso egocentrismo, por
vezes incivilizado. São desmoronados os mitos da portugalidade, desconstruindo
paisagens supostamente ordenadas e heterogéneas. Na cidade mais alta de
Portugal, no pretérito dia 23 de março, fez um discurso muito claro,
disruptivo, explanou o porquê da transformação da sociedade, do território e da
relação espaço-tempo que as próteses tecnológicas distorcem. Referiu que a
divisão nítida entre o rural e o urbano é um disparate, rematando que o
progresso dos últimos 40 anos fez aumentar os contrastes regionais. Agora cabe
ao leitor calcorrear as regiões portuguesas, decifrar o discurso e dar-lhe uma
nova roupagem. Imperdível.
João da Cunha Vaz (prof.)
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