João Paulo Pinto acaba de sair do cargo de subdiretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, após 21 anos em cargos executivos. João Paulo Pinto respondeu a algumas perguntas para o Blogue EXPRESSÃO.
Quando olhas para os últimos 21 anos, que recordações
(boas e más) guardas?
Vinte e um
anos foi muito tempo e aconteceu um pouco de tudo. Ao longo de todo este tempo,
o que guardo como melhor recordação foi o constante apoio que todos os que me
rodeavam me deram. Um apoio que fez com que se conseguisse, em conjunto,
concretizar ideias e mudanças. Quanto a más recordações, se é que lhe podemos
chamar assim, realço a sensação de impotência para a resolução de alguns
problemas que surgiram logo após a requalificação da Escola. Refiro, por
exemplo, a questão do aquecimento, que só agora está a tender para a
normalização e otimização, ao fim de quase meia dúzia de anos após a Escola ter
sido “entregue”.
Posso
identificar pelo menos três momentos marcantes.
O primeiro,
em 1998, com o Projeto MPEI (Macau-Portugal-Escolas-Internet), em que a Escola
Secundária Afonso de Albuquerque ganhou o primeiro lugar, proporcionando a
professores e alunos um intercâmbio que nos levou literalmente para o “outro
lado do mundo”. Foi um projeto que culminou com uma viagem inesquecível. Este
projeto foi o alavancar de muitos outros projetos em que, ao longo dos anos,
fomos participando e para os quais ressalto a dedicação e empenho de alunos e
professores que sempre conseguiram colocar o nome da Escola, e mais
recentemente do Agrupamento, nos lugares cimeiros a vários níveis.
Um segundo
momento teve a ver com a Requalificação da Escola Afonso de Albuquerque pela
Parque Escolar. Desde 2008, tudo mudou. Na altura, eu estava com a parte das
infraestruturas e equipamentos. Desde a fase do projeto até à execução
viveram-se situações complicadas. A adequação dos espaços, dos equipamentos e
mesmo dos materiais a utilizar foram “batalhas”, infelizmente nem sempre ganhas,
que fizeram parte do dia a dia da Direção. Recordo que a maior dificuldade foi
colocar a Escola a funcionar “em pleno” só nos setores F, G e H e nos
Monoblocos colocados no recinto. Nessa altura a colaboração e compreensão de
todo o corpo docente e discente foi essencial para ultrapassar as dificuldades
sentidas.
Por último,
não posso deixar de realçar a constituição do Agrupamento em 2013. O
aparecimento desta nova realidade, com desafios e exigências diferentes, veio alterar
de forma significativa o trabalho nas Direções.
Qual é a exigência deste cargo em que trabalhaste? E
como é que se “aguenta” metade da carreira em cargos executivos?
Ao longo
destes anos passei por diferentes cargos nas várias Direções. Comecei como
Assessor da Direção, Adjunto do Diretor e neste último mandato como Subdiretor.
A exigência do trabalho numa Direção prende-se com a responsabilidade de
colocar a “máquina” a funcionar, em todos os níveis. Isto só é possível havendo
trabalho colaborativo, o que se verificou em todas as Direções que integrei, inicialmente
como Escola e atualmente como Agrupamento. Uma outra exigência, devido a todo o
trabalho que tem de ser feito, é a inexistência de horário. Uma vez alguém me
disse que quem está numa Direção “normalmente sabe sempre a que horas entra: o
problema é que nunca sabe a que horas sai”. Também a instabilidade inerente à
constante alteração de legislação se reflete muitas vezes no trabalho
organizativo da própria Direção.
Quanto à
questão de como se “aguenta” tantos anos, só tenho uma resposta. Com dedicação,
gosto e orgulho por aquilo que se faz, muito “amor à camisola”, o ver “a obra”
crescer e o mais importante - o apoio da família.
Qualquer professor devia passar alguns anos em cargos
diretivos?
Acho que
sim. O passar por cargos diretivos faz com que se tenha uma perspetiva
diferente do funcionamento das Escolas, despertando para algumas realidades muito
importantes e que “do outro lado” muitas vezes não são percetíveis.
Devido à
minha formação científica na área da Física, o tempo para mim é um conceito
relativo. Embora ao longo dos anos de Direção tenha tido sempre alguma turma,
vou a partir do próximo ano letivo ter uma realidade bastante diferente. O
retomar da atividade letiva vai ocupar, como os professores bem sabem, a quase
totalidade do meu dia a dia. No tempo que “sobrar”, terei a possibilidade de
concretizar alguns projetos pessoais e familiares tantas vezes adiados.
0 comentários :
Enviar um comentário
Os comentários anónimos serão rejeitados.