terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO DT Alina Louro responde sobre a Exposição de Trabalhos sobre Interculturalidade


A turma do 7ºC no espaço da Exposição

A Exposição "Do mundo para a nossa Escola - Interculturalidade", elaborada pelos alunos do 7º C no âmbito da Cidadania e Desenvolvimento, está para visita no Espaço Conhecimento e Memória da ESAAG até 8 de março. Fomos saber mais pormenores junto da Diretora de Turma, Alina Louro. 

Como surgiu esta iniciativa?
 Esta Exposição é o culminar de um Projeto levado a cabo no âmbito da nova disciplina, Cidadania e Desenvolvimento. Foi pensada e montada pela turma 7º C da qual sou Professora e Diretora de Turma. Em Cidadania e Desenvolvimento o Professor tem como missão preparar os alunos para a vida, para serem cidadãos democráticos, participativos e humanistas, no sentido de promover a tolerância e a não-discriminação, bem como de anular o radicalismo violento. É uma disciplina fascinante e, para mim, uma mulher da Ciência, é sem dúvida um desafio, por sair da minha “zona de conforto”. Em Cidadania e Desenvolvimento devem ser desenvolvidas competências diversas no sentido de treinar os alunos para as múltiplas exigências da sociedade contemporânea pelo que, temos de sair para fora da sala de aula e até da Escola. Temos de chamar o Outro à Escola e ir, também, ao Seu encontro. Sempre com o espírito da partilha de saberes, tal como aconteceu na organização desta Exposição.
 Qual o conteúdo da Exposição? 
Na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento devem ser abordados vários domínios, organizados em três grandes grupos. Esses domínios têm implicações diferenciadas e devem ser abordados ao longo dos vários níveis de ensino. Cada turma do 7º ano de escolaridade optou pela abordagem de dois ou três domínios e está a desenvolver projetos em várias vertentes. Há turmas que escolheram vertentes mais ligadas ao ambiente, outras optaram por abordar temáticas mais relacionadas com problemas sociais. O importante é a aprendizagem que se faz nestes domínios. O 7º C optou, no primeiro período, por abordar a temática da Interculturalidade, muito centrada nos alunos e professores da turma mas, também, nos outros alunos do 7º ano. Começaram por fazer um levantamento das diversas culturas dos alunos já que somos, de facto, uma Escola Multicultural! Estudaram a gastronomia, a música, a dança, os trajes típicos e muito mais. Depois, elaboraram trabalhos escritos, gravaram CD-ROMs e organizaram a Exposição, como produto final a apresentar à Comunidade. Assim, nesta Exposição podemos ver objetos de Portugal, Brasil, China, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique e Cabo Verde. 
Que contributo pode dar esta Exposição para a formação dos alunos?
A ideia central da Exposição é a promoção das múltiplas aprendizagens. Os muitos momentos de partilha de saberes são uma mais-valia em qualquer projeto que se desenvolva. Além disso, este tipo de atividades fortalece a relação professor-aluno e tal constitui uma das metas da nova estratégia de Educação para a Cidadania. Os alunos serem capazes de redigir uma carta, um e-mail e até fazerem um telefonema para uma instituição ou empresa é, sem dúvida, um bom exercício de cidadania. 
Como colaboraram os alunos?
Esta Exposição é o resultado do trabalho de uma equipa constituída por alunos, professores, encarregados de educação e muitos amigos! Contudo, a aula de Cidadania e Desenvolvimento foi o local onde tudo foi pensado e organizado. As peças foram chegando à Escola pelas mãos dos diversos intervenientes, foram etiquetadas e colocadas na caixa/saco do país correspondente. Houve todo um trabalho de registo que foi desenvolvido pelos alunos, num ambiente de alegria imensa. Já coordenei muitos projetos nesta Escola, já ganhei vários prémios nacionais e internacionais com os meus alunos mas organizar uma Exposição deste tipo superou tudo em termos de euforia dos alunos. Qualquer tarefa que se faça com alunos é sempre gratificante para um professor. É fácil cativar jovens para atividades no âmbito da Cidadania, temos é de saber aproveitar a energia e a alegria contagiante dos alunos. A Exposição deu muito trabalho, mas a alegria dos alunos, ao desenvolverem as tarefas, superou o cansaço dos momentos menos bons. Estou orgulhosa dos meus alunos! 
O que foi mais difícil? 
Recolher objetos oriundos do Brasil e da China. Os nossos alunos brasileiros e chineses não têm muitos objetos representativos dos seus países. A preocupação, quando emigraram para cá, foi trazer a roupa e os objetos mais importantes. Talvez alguns livros! Foi complicado, fizemos muitos contactos mas a ajuda dos Encarregados de Educação e dos Professores foi, neste ponto, muito importante. 
O que foi mais gratificante?
 Tudo o que se relaciona com as minhas raízes e com o continente africano: a música, a gastronomia, os trajes e a dança. Senti saudades da minha terra, ao colocar na Exposição a canela e o caril ou ao ver a diferença entre o arroz da China e o arroz de Moçambique. O dia que colocamos a palmeira na Exposição, senti o regresso a casa, quase o cheiro da terra molhada, do chá verde e o horizonte infinito que caracteriza as paisagens da Zambézia. Tudo aquilo que nos faz sentir Feliz é sempre, naturalmente, positivo. Esta Exposição transporta consigo “pedacinhos” de quem a montou e, por isso, penso que todos se reveem nela. Julgo, também, termos conseguido que os alunos façam uma reflexão consciente sobre os valores estéticos, morais e até cívicos nas diversas culturas. Talvez esta seja uma das formas de assegurarmos o desenvolvimento equilibrado dos nossos jovens. Agora, o caminho será outro. Já estamos a tratar outros domínios, temos outros projetos e queremos realizá-los com o mesmo entusiasmo deste.
 Até quando vai ficar a Exposição no Espaço do Conhecimento e Memória?
 Tendo em conta o trabalho que a Exposição deu a organizar e montar, um mês pareceu-nos um período aceitável. Assim, estará patente ao público até ao dia 8 de março, Dia da Mulher. Contudo, a decisão foi tomada em conjunto.

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