Ao longo de um mês (até ao centenário do
nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen, a 6 de novembro) o Blogue
EXPRESSÃO publica um texto por dia à volta de uma das autoras mais consensuais
do nosso panorama literário e que publicou sobretudo poesia e narrativa curta,
nomeadamente de índole infanto-juvenil. Pedimos aos leitores (professores,
alunos, funcionários, outros leitores extra-escola) que queiram dar o seu
testemunho sobre a sua visão da escritora ou dos seus textos que o façam para
blogueexpressao@gmail.com O vosso texto será publicado aqui.
O poema “Porque”, de 1958, é um dos poemas mais
impressivos de Sophia de Mello B. Andresen, ao mesmo tempo que constitui um libelo acusatório aos que davam apoio ou eram coniventes com o regime político salazarista. Ganhou ainda mais impacto
com a adaptação musical que lhe fez Francisco Fanhais após o 25 de abril de
1974. Começava assim:
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Depois o ritmo dos “Porque” vai continuando à volta dos corruptos, dos
vendidos e dos calculistas, terminando o poema por:
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.
“Quem era este “tu”?”, perguntará o leitor. Miguel Sousa Tavares, filho
de Sophia e de Francisco Sousa Tavares, refere na obra “Cebola crua com sal e broa”
(2018) que Sophia se refere claramente ao pai, um homem de causas e cuja
principal qualidade como opositor do regime de Salazar foi a coragem. Se ele o
diz…
Poema completo aqui. Ouça aqui o poema cantado por Francisco Fanhais:
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