quinta-feira, 7 de maio de 2020

AUTO DA BARCA DO INFERNO VERSÃO 2.0 (1) 9º E escreveu um novo Auto dos tempos modernos



     O Blogue EXPRESSÃO publica a partir de hoje o Auto da Barca do Inferno versão 2.0, da autoria dos alunos do 9º E, com o apoio das professoras Irene Amado e Ana Paula Rato. Hoje publicamos o Prefácio e os Cenários. A Cena I virá amanhã e depois as seguintes. Deem a vossa opinião.  

O AUTO DA BARCA DO INFERNO
VERSÃO 2.0
(Adaptação atualizada e totalmente livre da obra O Auto da Barca do Inferno, de Gil, Vicente)
Escola Secundária de Afonso de Albuquerque
(Adaptação atualizada e totalmente livre da obra
O Auto da Barca do Inferno, de Gil, Vicente)
abril 2020

Autoria: Alunos do 9º E 2019/2020
Ilustrações: Capa: Ilda Reis; Parvo: Guilherme Caniça; Dondoca do Jet Set: Irene Amado; Mecânico: Irene Amado; Dono de uma Rede de Casinos: Irene Amado; Ex-Primeiro Ministro: Ana Alves; Presidente de uma Multinacional: Rodrigo Ferreira; Padre da Freguesia de Onde Judas Perdeu as Botas: Carolina Pinto & Irene Amado
Coordenação: Irene Amado; Edição: Irene Amado; Revisão: Ana Paula Rato

PREFÁCIO
“Auto de Moralidade” composto pelos alunos do 9º E do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque – Guarda, no âmbito da disciplina de Português.
Foi inicialmente pensado para ser representado, no âmbito do projeto de voluntariado, junto dos utentes do Centro de Dia e da Residência Sénior do Centro de Formação, Assistência e Desenvolvimento (CFAD), bem como perante os alunos da Escola Secundária de Afonso de Albuquerque, no final do ano letivo em curso. Perante a suspensão de todas as atividades presenciais e a declaração do Estado de Emergência, optou-se por transformar esta “obra” em livro, a divulgar pelos possíveis interessados.
Propusemo-nos adaptar a obra do pai do Teatro português à realidade do século XXI, trazendo à cena personagens que todos reconheceremos, senão pelo nome, pelo menos pelo tipo que representam. Por essa mesma razão, não lhes são atribuídos nomes.
Ao contrário do que acontece na obra de Gil Vicente, o Parvo é o primeiro a chegar ao Cais: poderá, dessa forma, intervir mais frequentemente na ação e – esperamos – trazer um maior grau de comicidade à peça.
As personagens finais devem ser vistas como uma forma de homenagem a todos aqueles que, nestes tempos difíceis e inimagináveis, lutaram pela vida humana, numa dura guerra contra um inimigo invisível: o COVID-19.
Irene Amado
(Professora de Português)

Cenário:
Encontramo-nos num cais, junto a um rio, na margem do qual estão atracadas duas barcas:
·         uma primeira – a da Glória – é branca e pequena, mas limpa e bem cuidada. Na proa, um Anjo de vestes brancas, com ar sereno e tranquilo, espera, pacientemente, os seus passageiros; nas mãos, tem uma harpa, que vai tocando com perícia;
·         uma segunda – a do Inferno –, grande, tipo navio de cruzeiro, mas em mau estado de conservação, com a pintura degradada. Dos lados, saem remos. Na proa, um Diabo de vestes vermelhas, com dois cornos na cabeça e um tridente na mão, espera, impacientemente, que os seus passageiros cheguem. No rosto, o sorriso presunçoso e irónico revela que espera levar o seu barco cheio de passageiros.
No cais, ninguém espera: os passageiros chegarão, um a um, para o juízo final, no qual ficará decidido o seu destino eterno – o Céu ou o Inferno.
Não se trata de uma luta entre o bem e o mal, mas da condenação ou da absolvição/salvação dos eventuais passageiros de cada uma das Barcas, face ao seu comportamento na Terra: é a vida terrena que funciona como “bilhete” para entrar numa destas duas Barcas.

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