Estocolmo+50 | UNEP50: “A Terra já não é azul, um planeta sob
pressão”
O mês de junho é pródigo em efemérides relacionadas com a
ecologia e o ambiente, de entre as quais destaco: 5, Dia Mundial do Ambiente;
8, Dia Mundial dos Oceanos; 17, Dia Mundial de Combate à Desertificação e à
Seca. O início do Verão (Solstício) ocorre no dia 21 de junho, pelas 10h14´
(ritmos circanuais).
Durante mais de 90% do tempo da nossa existência sobre a
Terra vivemos como recolectores e caçadores. A nossa civilização industrial (o
início da primeira Revolução Industrial no final do século XVIII) encontra-se
numa encruzilhada. Sobretudo desde o final da II.ª Guerra Mundial, até aos
nossos dias, aceleraram-se as alterações globais de origem antropogénicas. O
crescimento da população mundial (em 2007, pela primeira vez na história, a
maioria dos seres humanos vivia em áreas urbanas), a melhoria e facilidades da
mobilidade geográfica, proporcionada pelos diferentes modos de transporte, a
massificação dos fluxos de informação e as atividades económicas colocam a nu a
pressão exercida sobre os recursos naturais, a natureza e os territórios:
delapidação e esgotamento de matérias-primas, perda de biodiversidade
(desflorestação…) e de habitats (extinção
das espécies), a destruição das paisagens, a degradação dos solos, a poluição
dos rios, etc. Urge fazer mudanças na forma como consumimos e, sobretudo, como
produzimos. Os ecossistemas produzem serviços (ar puro, água, sequestro de
carbono, alimentos…) que contribuem para 50% do PIB mundial. Só conseguimos
salvar os oceanos se mudarmos a economia do mar e deixarmos de apostar em áreas
insustentáveis (os oceanos absorvem 90% do excesso de calor que resulta dos
gases com efeito de estufa). Temos de fazer a transição para uma economia que
não assente em combustíveis fósseis (a China e os EUA representam 42% das
emissões totais de CO2) e diversificar as fontes de energia limpa
(apesar de terem os seus problemas específicos), como preconiza o Pacto
Ecológico Europeu.
A pandemia, a pobreza e a guerra acarretam sempre um
enorme desperdício de recursos. O aquecimento global e as consequentes
alterações climáticas provocam impactos gravosos. Atualmente, estamos num
período interglaciário que teve início há cerca de 12 mil anos, centenas de
milhões de pessoas vão sofrer com o degelo acelerado, o que provoca a subida do
nível do mar, cerca de 3,6 milímetros por ano, em que cidades e ilhas ficam
submersas (ilhas do Pacífico: Tuvalu, Kiribati, Palau ou Fiji). Os fenómenos
meteorológicos são cada vez mais extremos, mais intensos e frequentes:
tornados, ciclones tropicais, ondas de calor, secas e precipitações diluvianas.
Registam-se incêndios devastadores, migrações forçadas, colapso da permafrost (solo e rocha permanentemente
gelados), das latitudes setentrionais
da criosfera, etc.
A crise ambiental global, associada ao extremar das
desigualdades sociais, ameaçam hoje a paz e a sobrevivência da Humanidade na
Terra. O biogeógrafo Miguel Bastos Araújo considera o seguinte: “gasta-se mais
dinheiro a destruir a natureza do que recuperá-la e é improvável que se consiga
reverter o caminho da destruição natural do planeta sem medidas drásticas”. Devemos
ver a Natureza como um empréstimo a prazo, que tem como fiador as gerações mais
novas e as futuras. Preservar o Território e a sua Biodiversidade é garantir,
em primeira análise, a nossa sobrevivência. É necessário um imenso esforço
colaborativo de todos para que promovam a restauração do equilíbrio da Terra
(Pacto Global para o Ambiente). Há esperança se agirmos e percebermos que cada
um de nós impacta o planeta Terra todos os dias. Por uma Terra saudável, que
funcione bem, para a prosperidade de todos.
João da Cunha Vaz | 5 de junho de 2022.
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