A Unidade de Multideficiência (UAEAM) que no presente ano letivo funciona na Escola Afonso de Albuquerque, tem vindo a organizar e promover um conjunto de ações que facilitem a inclusão das crianças e jovens com Multideficiência. Com estas ações pretendemos sensibilizar a comunidade educativa para a problemática das pessoas diferentes, promover a igualdade e valorizar a diferença, a interajuda entre pares e a educação para a cidadania. Neste sentido, propusemos no Plano Anual de
Atividades da Educação Especial (PAA), várias ações, uma das quais gostaríamos
de compartilhar com os leitores do Blogue Expressão, a leitura e exploração do
texto "A Inclusão dos dos Excluídos", de Binho Vieira, realizada na aula de Formação Cívica, a qual passamos a transcrever. A riqueza do texto
permite-nos refletir sobre Inclusão/Exclusão, a aceitação e a valorização das
diferenças. Esperamos que seja do vosso agrado e permita uma meditação sobre o
tema.
“Desde que mundo é mundo sabemos que o lápis é
lápis e tem o objetivo específico de escrever. Claro que, mal-empregado, pode
tornar-se numa arma letal. Vamos dizer que a exclusão social é um lápis
apontado que foi utilizado de forma errada e se tornou num grande objeto de
risco para a nossa sociedade. Esta crónica, com leve tom poético, vem mostrar a
dura realidade separatista em que o mundo se encontra com as suas barreiras
económicas, os seus buracos e abismos educativos, os seus “apartheids” sociais
que nos levam a um declínio humano, nunca outrora visto, ouvido e vivido. Podemos
entender que exclusão e inclusão são duas formas opostas e antagónicas! Mesmo
sendo um assunto delicado, brinquei com as palavras, para que as próprias
palavras se tornem delicadas num assunto tão polémico. Vamos ver? Exclusão é
colocar fora, inclusão é colocar dentro. Exclusão tira toda a minha
responsabilidade, mas a inclusão faz-me responsável pelo outro. Exclusão é um
pouco fora do todo, é um texto fora do contexto. Inclusão somos todos nós. É
uma palavra com o pretexto de aproximar, sem receios. Exclusão é um copo
partido, inclusão é um copo colado. As emendas não serão apagadas, mas podem
ser reescritas! Inclusão é uma noite com astros e a exclusão é um dia nublado.
Ser excluído é dizer para todos que sou diferente. Ser incluído é dizer que sou
igual perante todos. A exclusão gera indiferenças. Na inclusão as diferenças
não são geradas. A exclusão gera preconceitos. A inclusão constrói bons
conceitos e excelentes preceitos. Exclusão abre um buraco gigante para esconder
os excluídos. Inclusão fecha o buraco para que ninguém caia na exclusão. A
exclusão evidencia os defeitos, os medos. Na inclusão valorizamos os acertos,
os bons exemplos. Exclusão é tirar de perto aqueles que não me fazem falta.
Inclusão é colocar mais perto os que nem se quer conheço. Exclusões são todos
aqueles que desviam o olhar de um mendigo sujo e maltrapilho, despedido de suas
diferenças. Daí vem à inclusão que nos redime, quando lhe damos o alimento. Excluídos,
na verdade, somos todos nós, que não conseguimos excluir das nossas vidas, da
nossa “verdade”, esses mal ditos e mal vistos paradigmas de que somos melhores
e mais especiais do que os outros. Na verdade, pessoas especiais são todos
aqueles que sabem conviver com as diferenças do outro. São aqueles que
conseguem sair do seu conforto para dar todo conforto aos outros. É aquele que
consegue aprender um pouco mais para ensinar o que sabe, para aqueles que nada
sabem. Portanto, caro leitor, se se exclui, nega-se a si mesmo, se inclui o
outro, doa-se a um mundo todo.”
Em nota de
conclusão, a escola que defendemos é uma escola inclusiva, “de todos e para
todos”, democrática, cooperativa e deverá promover constantes valores
educativos. Incluir é necessário, primordialmente, para melhorar as condições
da escola de modo que nela se possam formar gerações mais preparadas para viver
a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. E citamos
a máxima que utilizamos no nosso dia-a-dia “Se
tu queres, podes. Se eu quero posso. Quando queremos, entre todos podemos”
(Fundação Síndrome de Down, Madrid).
A coordenadora da
UAEAM
Fátima Vitória
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