“Gaibéus” inicia coleção de livros proibidos
O jornal Público iniciou na
passada quinta-feira, dia 10 de abril, a publicação de livros proibidos no Estado
Novo. E que melhor começo do que “Gaibéus” de Alves Redol dedicado aos
emigrantes do Norte a trabalhar nas plantações de arroz do Ribatejo? O livro
não passou na Censura e o censor explica no seu despacho que, embora reconheça
ao livro “um forte poder de análise” e a capacidade de focar bem “o aspeto
social do drama desses humildes ceifeiros”, há no entanto no romance páginas “que
chocam pelo realismo, que nalgumas se transforma em pornografia e prejudicam o
seu incontestável valor”. Frisa ainda o despacho que não é um livro
revolucionário “porque os personagens são humildes mesmo perante a brutalidade
dos capatazes” e que “mesmo o gaibéu rebelde (…) abafa a sua revolta com um
vencido incapaz de lutar”. A capa da 1ª edição tem a data de dezembro de 1939
mas só a segunda edição será autorizada, em junho de 1941.
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