Francisco Robalo (11º F):
O Crime do Padre Amaro,
de Eça de Queirós
As minhas leituras recentes têm sido indubitavelmente influenciadas (e
bem!) pela disciplina de Literatura Portuguesa. Nestes três transatos meses de
ócio, procurei alargar os meus horizontes culturais, ampliar o meu vocabulário
e melhorar também a maneira como escrevo: li com gozo algumas obras de José
Maria Eça de Queirós. Este texto recairá, pois, sobre o seu primeiro romance (e
um dos mais prodigiosos): “O Crime do Padre Amaro”.
“O Crime” constitui uma crítica social implícita e feroz ao clero
parasita, hierarquizado e indissociável do poder político. Eça fala-nos de um
tema arrojado à época (o celibato), ridicularizando a imoralidade, depravação e
indecência dos clérigos, bem como a torpeza das mentalidades devotas. Eça
relata-nos os episódios da vida atribulada de Amaro e o seu criminoso romance
com Amélia, que acaba por culminar fatal e violentamente, vendo-se o pároco
vexado e forçado a abandonar Leiria, procurando resguardo na capital, ajudado,
mais uma vez, pela aristocracia da época. Em Lisboa termina todo o funesto
enredo, com o nosso escritor a descrever impiedosamente o ambiente social
devasso e degradado do Portugal de então.
Com tudo isto, pretendo não só apresentar uma experiência de leitura, mas
também exaltar e apelar à apreciação da prosa queirosiana em geral. Depois de lermos
uma primeira obra de Eça, desfrutando da sua esplêndida ironia e do seu
prolífero e espontâneo poder de adjetivação, invade-nos um sentimento de
celsitude tal, que nos leva a querer “devorar” todo o seu cardápio de escritos.


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