Jorge Noutel,
Funcionário administrativo na ESAAG
LIVRO,
de José Luís Peixoto
Uma das minhas últimas leituras foi a obra «Livro» de um dos
mais consagrados escritores de Língua Portuguesa, José Luís Peixoto.
Em «Livro» o autor caracteriza a emigração portuguesa das
décadas de 60 e 70, através de personagens que, indubitavelmente, a marcaram. O
enquadramento é a vida de miséria que marcava o quotidiano dos cidadãos de uma
vila do interior de Portugal. E a narrativa é feita no amor entre dois jovens.
Um amor marcado pelas dificuldades e amarguras rudes de uma vida sem horizontes
e pelas tradições, usos, costumes e crendices obscurantistas de uma sociedade
parada no tempo. Partia-se para trabalho rude e duro desde pequeno. Mesmo com
todos os imponderáveis, bem narrados pelo autor, houve lugar ao amor. O amor
entre dois jovens. Jovens na idade, não no trabalho! Mas o amor, mesmo
platónico, se verdadeiro faz-se de encontros e desencontros. Este também o foi,
mas marcado pelos preconceitos e, principalmente, pela fatalidade de um destino
procurado noutras paragens. Adelaide «dá o salto» para terras de França. Ilídio
fica na vila desconhecendo o paradeiro da amada. A vontade de contrariar o
destino leva Ilídio a partir para França à procura do seu amor. Uma aventura
cheia de peripécias. Será que o acaso algum dia permitirá o encontro? A
resposta vai o leitor encontrá-la na leitura da obra. Escolhi falar desta obra
pela singularidade do enredo mas, igualmente, pela analogia com a realidade que
ainda hoje marca a vida de muitos dos nossos jovens. Por isso a oportunidade da
sua leitura.
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