domingo, 30 de outubro de 2016

MIBE 2016 - 21 COMO ACEDES À ATUALIDADE? Responde José Neto, professor do 1º Ciclo, este ano em serviço na ESAAG

O bichinho do jornal
Tinha acabado a antiga 1ª classe, já lá vão mais de cinquenta anos, quando comecei a ler jornais. Penso que foi aí que começou o meu vício da leitura. Para os que não acreditarem, eu explico.
Àquela aldeia isolada da serra da Malcata, sem estrada nem transportes, apenas chegavam dois jornais no correio semanal: O Século e O Amigo da Verdade. Tive a sorte de o meu avô ser dos raros assinantes de um deles, O Amigo da Verdade, semanário editado pela diocese da Guarda, portanto jornal religioso (penso que ainda é editado, com as mesmas rubricas: pequenas notícias do país e do mundo; conversa entre dois compadres; novela por episódios; anedotas…).  Mal os seus netos começavam a ler, aos domingos o avô Manuel pedia a cada um para lhe ler o jornal. A nossa leitura em voz alta ainda não era interpretativa e o nosso espanto era enorme quando o avô nos corrigia as palavras (“Como é que ele sabe o que está escrito, se não está a olhar para o jornal?!”). Nesse tempo, na minha aldeia não havia luz elétrica, muito menos rádio ou televisão. As notícias chegavam de viva voz ou pelo correio, através dos jornais anteriormente referidos (e também A Voz, jornal assinado pelo senhor prior). A pouco e pouco, alguns rapazes e raparigas começaram a sair para estudarem (no seminário ou no liceu) e durante as férias assinavam alguns periódicos. Lembro-me do Diário de Lisboa, com as suas famosas Cartas da Guidinha (sem qualquer pontuação); não me esqueço do desalinhado Comércio do Funchal, editado em papel cor-de-rosa, com os famosos espaços sem qualquer texto, porque alguns artigos ou notícias tinham sido cortados/reprovados pela censura política (subterfúgio que chegou a ser usado pelo vizinho Jornal do Fundão); fui comprador e leitor assíduo do antigo Jornal, desde o primeiro número…
Mas deixemos as recordações do passado e regressemos ao presente.
Ninguém duvida de que a informação mais atualizada é fornecida através da Internet, sobretudo pelos programas de conversação. Confesso que estou bastante desatualizado nestas andanças. Falta-me a paciência para pesquisar e selecionar, sinto dificuldade em filtrar o essencial e sou cada vez mais cético relativamente ao que encontro. Assim, na Internet limito-me, alguns dias, a consultar os jornais ou revistas que não tenho oportunidade de adquirir. Na verdade, não há nada que se compare ao cheiro a tinta fresca de um jornal que acaba de chegar ao quiosque, de madrugada; o suave barulho das folhas que se vão passando com o dedo; o sabor e o aroma do café que acompanham tudo isto… (e outras virtudes que eu estou a plagiar).
Apenas em tempo de férias compro jornais (ou revistas) todos os dias. Habituei-me a comprar o Público porque gosto de ler essencialmente artigos de opinião e notícias desenvolvidas e sedimentadas. Esporadicamente troco o Público pelo Diário de Notícias.  Também nas férias tenho por hábito adquirir o Expresso, sobretudo pela competência dos cronistas que aí escrevem e pelos trabalhos desenvolvidos na revista. Uma revista que nunca esqueço de comprar é a Visão, à quinta-feira: considero que pratica uma informação nacional e mundial muito idónea e credível, atualizada e bem desenvolvida.
Finalizo com a TV: aqui privilegio a informação política, económica e social. Costumo fugir da informação repetitiva e de perseguição. É normal fazer zapping pelos canais de sinal aberto ou por cabo, mas não tenho por hábito acompanhar canais estrangeiros (salvo alguns espanhóis, devido à facilidade de compreensão da língua). É difícil ou raro ficar a ver um programa depois da meia-noite.
Estamos na era da informação instantânea. Pesando as suas vantagens e perigos, a sua rapidez e vulnerabilidade, opto, por comodidade, mais pela informação tradicional.
É bem verdade: a idade não perdoa!                      
27/10/2016
José Neto



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