terça-feira, 15 de agosto de 2017

OFICINA DE ESCRITA 2016/17 (4) Textos e criações do 10º A

10º A
Textos resultantes da Oficina de Escrita dinamizada por Luís Chaves e promovida pela BMEL em colaboração com a Bibl. Escolar Vergílio Ferreira (da ESAAG) em março-maio 2017 na ESAAG


Transformação livre de lendas da região da Guarda
Criação livre de frases a partir de colagem de recortes de jornal
Maria
Uma igreja suspensa, toda fechada, com apenas um buraco bem profundo, gradeado, situado sensivelmente a meio, é conhecida como a Fraga da Moura. Através do orifício apenas é possível ver a escuridão do local e em dias muito iluminados algumas sombras. Conta-se que aqui está encerrada uma moura com toda a sua riqueza, a voz.
Certo dia, um produtor musical que se deslocou a Lisboa, ao procurar insistentemente guarida, encontrou-a em casa de uma senhora já idosa. Quando se preparava para pagar a refeição servida, com o pouco dinheiro que levava, ouviu como resposta se já tinha ouvido falar da Fraga da Moura, e logo de seguida as indicações precisas sobre a localização.
A senhora acabaria por desafiá-lo a ir à igreja, onde se encontrava encerrada a moura, logo no dia seguinte, depois de apanhar quatro autocarros para o conseguir e cumprindo sempre as indicações que ela lhe dera.
Assim, depois de ali passar a noite, o produtor ouviu-a explicar que havia de encontrar a igreja e o buraco onde deveria introduzir o microfone feito há muitos anos por ela própria. "Este microfone há de caber no buraco, mas só o deves meter lá dentro quando chamares por Maria e de dentro te responderem."
Sucedeu tal como a senhora disse. O homem encontrou a igreja, aproximou-se do buraco, onde colocou a boca e chamou por Maria. Só à terceira lhe responderam, cantando:
"Maria Leal aqui só para ti!"
"Trago-vos aqui um microfone.". E introduziu o microfone pelas grades, mas com uma atrapalhação tal que o desligou.
"Desastrado! Desligaste-me o microfone, perdeste todos os meus tesouros vocais! Mas dou-te um CD”; e foi-se embora.
Prontamente, editou-o e deu-o a conhecer ao mundo; esteve em primeiro lugar em todos os tops mundiais.
Voltou à igreja, para pedir mais CD`s, mas a moura não lhe respondeu, nem lhe deu mais nenhum.
Beatriz Filipa. Texto a partir da lenda “Basília”.



Viveu em Mirandela, nos recuados tempos da sua formação, um rapaz de uma beleza intrigante, que o povo via com maus olhos. Sobre ele pouco ou nada se sabia.
Aparentemente era normal, vestia-se de acordo com a moda da altura, vivia numa grande casa, era bem falante, tinha alguns amigos, etc… No entanto, algo nele parecia sobrenatural. Ele era insensível e frio, não parecia nutrir qualquer sentimento por ninguém, era independente, orgulhoso e parecia ser superior a todos os tipos de dor. Outro facto estranho nele era que a maior parte dos seus amigos acabava por desaparecer misteriosamente, após algum tempo. Todos estes aspetos faziam com que ele não passasse despercebido no meio da população, era visto como um demónio na Terra.
Certo dia, um grupo de locais decidiu elaborar um plano para descobrir mais acerca de tão misterioso rapaz. Decidiram eleger alguém para tornar-se amigo dele e descobrir informações. A pessoa escolhida para a tarefa foi uma jovem da idade do rapaz. Ela era vista como uma rapariga muito madura, responsável e tinha um bom sentido de humor. A rapariga não teve escolha senão aceitar.
Num sábado, quando ia a caminho da fonte, deu de caras com o rapaz. Como não sabia como o abordar começou a cantar para captar a sua atenção. Seguidamente apresentou-se e começou a falar com ele. A voz dele era grave, séria, olhava para ela desconfiado, não a conhecia de lado nenhum. Ao aperceber-se do desconforto dele, ela começou a contar piadas e a dizer coisas sem sentido, ele não conseguiu evitar e soltou uma gargalhada à qual a rapariga respondeu com um ataque de riso. Foram juntos à fonte, percurso que passaram a realizar todos os dias; foram-se tornando amigos, mas o amor não tardou a nascer no coração dela.
O tempo foi passando, até que, certo dia, ele levou-a a um bosque onde se encontrava um portal secreto para outro Universo. Era esse o grande segredo dele, o rapaz era um extraterrestre.
Ele contou-lhe a história toda e pediu-lhe para atravessar o portal, dizendo que a amava e que, por essa razão, a queria tirar do planeta Terra. Queixava-se também de que a espécie humana só sabia fazer sofrer.
A rapariga atravessou o portal e foi dar a outro Universo, onde encontrou os amigos dele desaparecidos; lá todos eram felizes, não havia dor, daí ele ser superior a ela.
Ela não regressou e, por isso, o mistério continuou por resolver até aos dias de hoje.
Juliana Amaral. Texto a partir da lenda “A Fonte de Marrocos”.



Viveu numa aldeia, nos primórdios da sua formação, junto a Lisboa, uma mulher muito bela, que o povo via apenas durante o dia. Ela era uma rapariga de cabelos de ouro, olhos esverdedos, de olhar profundo, que aparentavam cansaço e alguma melancolia.
Dizia-se, na boca do povo, que a jovem teria origem nórdica, porém certezas não as havia. Ela era alguém de quem os locais desconfiavam e de quem as idosas da aldeia falavam todas as manhãs, quando se juntavam no convívio. Dizia-se que não era batizada, muito menos católica, que provavelmente traria em si o Diabo em pessoa, e que estaria ali para amaldiçoar a povoação. Outros defendiam que estaria ali pelo mal, porém os homens da aldeia acreditavam que a rapariga teria sido enviada por Deus para os guardar, com a sua beleza inexplicável, algo sobrenatural. Acerca disso pouco se sabia, aparentava ser uma pessoa solitária, evitando o contacto com todos, reprimindo-se.
Todas as manhãs, um grupo de aldeãs, cujo tom de pele refletia o árduo trabalho no campo, seguiam a jovem até a um descampado, onde esta parava todos os dias. Aproximava-se de uma fonte, e desaparecia entre as suas águas cálidas. O facto é que, todos os dias, ela desaparecia e só voltava a ser vista no fim da tarde, quando, solitária, caminhava junto das quintas da povoação rumo à cabana na floresta, onde pernoitava. Até hoje, nada da sua vida é conhecido, muito menos o propósito da jovem deslocar-se à fonte todas as manhãs, assim como nunca foi descoberta nenhuma passagem para o interior da fonte. Sabe-se unicamente que fonte remonta aos primórdios da fundação da aldeia. No entanto, corre um boato: sempre que alguém se dirige à fonte, pode ouvir uma deusa nórdica a cantarolar.
Beatriz Costa. Texto a partir da lenda “A Fonte de Marrocos”.



A Fonte dos Pés Descalços
Viveu em Aveiro, nos recuados tempos da sua fundação, um homem que o povo via, por vezes, a frequentar tabernas, com uma barba enorme e sempre descalço. Não sabiam de onde era, apenas que era novo na cidade.
Era pobre, não tinha família e praticamente não falava, somente fazia gestos de modo a vender os seus produtos.
Uns diziam que era oriundo de Espanha, outros que vinha das terras para lá do Atlântico. Mas ninguém tinha certezas quanto ao seu local de origem, apenas que costumava desaparecer quando entrava numa fonte, à qual deram o nome de Fonte dos Pés Descalços.
Certo dia, três velhotas seguiram-no até à Fonte. Ao chegar lá, ele desapareceu em nuvens cor de rosa, como se alguém o levasse sem levantar suspeitas.
“Parece que o levou o Pai Natal!”, disseram.
Jamais foi descoberto o sítio por onde entrava, mas desconfiava-se que apenas entravam pessoas sem qualquer sapato e que seriam levadas para a Ilha dos Sapateiros.
Maria Fidalgo. Texto a partir da lenda “A Fonte de Marrocos”.


Muitos animais tentaram segui-la, mas era muito rápida e facilmente a perdiam de vista… até que um pequeno rato teve a coragem e a curiosidade para ir até à toca misteriosa. Esperou perto, mas ela não aparecia, até que surgiu de dentro da floresta a correr em direção ao riacho, onde mergulhou e desapareceu como por magia. O rato ficou encantado com aquele ser místico, pensou que ela tinha morrido afogada; foi para a beira do riacho e viu um pó cristalino à tona da água, mas nenhum sinal da raposa… De tão encantado que estava com tudo o que viu, o rato saltou para o riacho e perdeu-se na intemporalidade, num outro Mundo, talvez…
A raposa continuou a aparecer sem que os animais chegassem a qualquer conclusão sobre o que ela era ou que fazia ali, nunca mais nenhum a seguiu. Mas, tão ou mais difícil de entender, foi a aparição de um pequeno nenúfar à tona da água do riacho, perto da toca da raposa.

Madalena Fonseca. Texto a partir da lenda “A Fonte de Marrocos”.
(Frases criativas / colagens de Juliana Amaral, Maria Fidalgo, Luana Amaral, Inês Silva e João Marques, por esta ordem)

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