Carlos Pais Rodrigues conclui hoje as respostas sobre o congresso da APPF.
Que
caminho há a percorrer pelo FLE (Francês Língua Estrangeira)?
Com as
mudanças registadas nas últimas décadas, quanto a mim, seria erróneo continuar
a pôr a tónica na imagem, por vezes nostálgica, que ficou do Francês dos anos
70 ou 80 – embora, em termos de património (mesmo mundial), não se deva ignorar
a música (engagée ou não), a
literatura, a pintura,… e, recuando ainda mais no tempo, os valores da
Resistência, da própria Revolução Francesa,… Não haja dúvidas de que, tal como
Portugal, mas à sua maneira, a França também “deu novos mundos ao Mundo”!
Hoje, talvez
tenhamos de ser mais pragmáticos; apesar de toda a interculturalidade evidente
na aprendizagem de uma língua estrangeira, é bom sublinhar que a mesma serve em
primeiro lugar para COMUNICAR !
Há que levar
o aluno a perceber e sentir que não se trata de mais uma disciplina no
currículo, que aquilo que é suposto ele aprender o vai deveras informar e
enformar e que lhe poderá mesmo vir a ser útil, quer seja num contexto mais
informal (uma visita de estudo a França – relembro aqui o projeto Paris Nous Voici), quer na sua vida futura,
enquanto académico ou profissional. Como simples exemplo, não seria bom
relembrar que a Ciência também “fala francês”: que há 23 prémios Nobel de
Física e Química (os últimos em 2016 e 2018), que a Agência Espacial Europeia
tem sede em Paris e que os foguetões Ariane são lançados do Centro Espacial de
Kourou, na Guiana Francesa (América do Sul), ou que o CERN (correspondente à
Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) se situa na região de Genebra, na
fronteira franco-suíça!?
E, para
estabelecermos essa ligação com a realidade, as novas tecnologias e
particularmente a Internet assumem-se como trunfos poderosíssimos, quer para o
docente, na preparação de materiais didáticos e pedagógicos, quer para o aluno,
na pesquisa e na eventual elaboração de trabalhos de casa. A informação e os
conteúdos transbordam – a dificuldade será mesmo saber fazer a devida seleção!
A título de recomendação e de exemplo, fica aqui a referência à fantástica plataforma
do canal francês TV5 MONDE, para potenciais candidatos ao DELF scolaire.
Projetos já
anteriormente referenciados, sob a tutela da DGE, da SGEC, da ANE+,…ou até
concursos promovidos pela APPF (Affiche
ton Français – em que esta escola já obteve um honroso 3º lugar –, La Chanson en Scène,…) são também
fundamentais para criar processos dinâmicos que vão muito para além da
tradicional aula intramuros.
É ainda de
referir, como fator muito positivo, o espírito dos recentes Decretos-Lei 54 e
55, ambos de 2018, que insistem no trabalho colaborativo e interdisciplinar –
como se vem fazendo há anos no projeto SELF, sob a tutela da DGE – e que
permitiram, a partir do ano letivo em curso, nesta escola, flexibilizar a
organização da carga horária semanal das línguas estrangeiras, proporcionando
um espaço de relevo e condições adequadas (e há muito reclamadas) para uma
prática séria e apropriada da oralidade.
Por último,
mas não de somenos importância, veria com bons olhos, em prol do retorno ao fundamental,
o libertar as escolas/ os professores de uma acrescida carga burocrático-administrativa
que, paulatinamente, se foi cristalizando ao longo dos anos.
E la cerise sur le gâteau seria, de facto,
conseguir o pleno envolvimento pessoal de todos os nossos pequenos francófonos,
cabendo, nesta parte, responsabilidades a todos nós, alunos, professores e pais/ encarregados
de educação.
É com esta
ideia que termino, reproduzindo uma frase projetada no decurso de um ateliê do XXVIº Congresso da APPF e provando
também assim que, ao confiar nas competências linguísticas dos nossos leitores
e apesar de citar Confúcio, o Francês não é de todo Chinês: « Dis-moi et
j´oublierai ; montre-moi et je me souviendrai ; implique-moi et je
comprendrai ».
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