terça-feira, 8 de outubro de 2019

31 VEZES SOPHIA (2) O que era a poesia para Sophia?


Ao longo de um mês (até ao centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen, a 6 de novembro) o Blogue EXPRESSÃO publica um texto por dia à volta de uma das autoras mais consensuais do nosso panorama literário e que publicou sobretudo poesia e narrativa curta, nomeadamente de índole infanto-juvenil. Pedimos aos leitores (professores, alunos, funcionários, outros leitores extra-escola) que queiram dar aqui o seu testemunho sobre a sua visão da escritora ou dos seus textos que o façam para blogueexpressao@gmail.com

Na Arte Poética V, Sophia de Melo Breyner Andresen diz que antes de saber ler, ouvia recitar e aprendeu de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta”, “tendo assim a sorte de conhecer o poema antes da literatura”. Nesse tempo, refere ela que não sabia que os poemas eram escritos por pessoas: “julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio".
Em toda a sua vida procurou escrever esse poema “imanente”, e aprendeu que não há poesia sem silêncio, “sem que se tenha criado o vazio e a despersonalização”. Um dia, diz ela em Arte Poética V, em Epidauro, colocou-se no centro do teatro e recitou o início de um poema ouvindo a sua própria voz: “livre, desligada de mim”.
Mais tarde escreveu estes versos:
A voz sobe os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por não ser já minha.
Texto completo de Arte Poética V aqui.

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