Se há poesia que tem um laço íntimo
com a realidade é a de Sophia. Tudo o que a rodeava a preocupava, daí a sua
denúncia da sociedade e a sua tentativa de mudar o que estava mal. Cada manhã
tinha o seu encanto e respirava poesia como vivia cada dia: intensamente. Por
isso a sua poesia é diáfana, líquida e transparente como a água do mar que
sempre a cativou. Assim devemos ler Sophia como uma aprendizagem contínua. Vejamos o que ela diz:
"(...) a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as
coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens.
Por isso o poema não fala de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta:
ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos
muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas,
respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
É
esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação
poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.
E
no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu
reino, a minha vida." (Arte poética II)
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