O Blogue EXPRESSÃO publica a partir de hoje o Auto da Barca do Inferno versão 2.0, da autoria dos alunos do 9º E, com o apoio das professoras Irene Amado e Ana Paula Rato. Hoje publicamos o Prefácio e os Cenários. A Cena I virá amanhã e depois as seguintes. Deem a vossa opinião.
O
AUTO DA BARCA DO INFERNO
VERSÃO
2.0
(Adaptação
atualizada e totalmente livre da obra O Auto da Barca do Inferno, de
Gil, Vicente)
Escola
Secundária de Afonso de Albuquerque
(Adaptação
atualizada e totalmente livre da obra
O
Auto da Barca do Inferno,
de Gil, Vicente)
abril
2020
Autoria: Alunos do 9º E 2019/2020
Ilustrações:
Capa: Ilda Reis;
Parvo: Guilherme Caniça; Dondoca do Jet Set: Irene Amado; Mecânico:
Irene Amado; Dono de uma Rede de Casinos: Irene Amado; Ex-Primeiro
Ministro: Ana Alves; Presidente de uma Multinacional: Rodrigo
Ferreira; Padre da Freguesia de Onde Judas Perdeu as Botas: Carolina
Pinto & Irene Amado
Coordenação: Irene Amado; Edição: Irene Amado; Revisão: Ana Paula Rato
PREFÁCIO
“Auto de Moralidade” composto
pelos alunos do 9º E do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque – Guarda,
no âmbito da disciplina de Português.
Foi inicialmente pensado para ser
representado, no âmbito do projeto de voluntariado, junto dos utentes do Centro
de Dia e da Residência Sénior do Centro de Formação, Assistência e
Desenvolvimento (CFAD), bem como perante os alunos da Escola Secundária de
Afonso de Albuquerque, no final do ano letivo em curso. Perante a suspensão de
todas as atividades presenciais e a declaração do Estado de Emergência,
optou-se por transformar esta “obra” em livro, a divulgar pelos possíveis
interessados.
Propusemo-nos adaptar a obra do pai
do Teatro português à realidade do século XXI, trazendo à cena personagens que
todos reconheceremos, senão pelo nome, pelo menos pelo tipo que representam. Por
essa mesma razão, não lhes são atribuídos nomes.
Ao contrário do que acontece na
obra de Gil Vicente, o Parvo é o primeiro a chegar ao Cais: poderá, dessa
forma, intervir mais frequentemente na ação e – esperamos – trazer um maior
grau de comicidade à peça.
As personagens finais devem ser
vistas como uma forma de homenagem a todos aqueles que, nestes tempos difíceis
e inimagináveis, lutaram pela vida humana, numa dura guerra contra um inimigo
invisível: o COVID-19.
Irene Amado
(Professora de Português)
Cenário:
Encontramo-nos num cais, junto a
um rio, na margem do qual estão atracadas duas barcas:
·
uma
primeira – a da Glória – é branca e pequena, mas limpa e bem cuidada. Na proa,
um Anjo de vestes brancas, com ar sereno e tranquilo, espera, pacientemente, os
seus passageiros; nas mãos, tem uma harpa, que vai tocando com perícia;
·
uma
segunda – a do Inferno –, grande, tipo navio de cruzeiro, mas em mau estado de
conservação, com a pintura degradada. Dos lados, saem remos. Na proa, um Diabo
de vestes vermelhas, com dois cornos na cabeça e um tridente na mão, espera,
impacientemente, que os seus passageiros cheguem. No rosto, o sorriso
presunçoso e irónico revela que espera levar o seu barco cheio de passageiros.
No cais, ninguém espera: os
passageiros chegarão, um a um, para o juízo final, no qual ficará decidido o
seu destino eterno – o Céu ou o Inferno.
Não se trata de uma luta entre o
bem e o mal, mas da condenação ou da absolvição/salvação dos eventuais
passageiros de cada uma das Barcas, face ao seu comportamento na Terra: é a
vida terrena que funciona como “bilhete” para entrar numa destas duas Barcas.
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