Alina Louro, professora da ESAAG, é uma das autoras dos livros de Exercícios de Física e Química do 10.º ano, da Raiz Editora, que acabam de sair para o mercado. Colocámos algumas perguntas a Alina Louro sobre a edição. A primeira metade publicamos hoje, o resto amanhã. Parabéns e muito sucesso.
P: O que contêm estes dois
cadernos de exercícios?
R: Dada a
dimensão das obras, não lhe chamaria cadernos. São dois livros de exercícios
que constituem uma aposta da RAIZ num projeto único. São os únicos livros deste
género no mercado português, na disciplina de Física e Química A. A Porto
Editora, grupo a que pertence a RAIZ, tem um livro deste género para a
disciplina de Matemática A. É uma aposta do grupo editorial em algo bem
diferente. Há uma série de livros à venda que contém exercícios e muito texto a
que chamam “resumos”. A maioria dos exercícios são de exames que também são
disponibilizados a preço zero pelo IAVE e que estão resolvidos na internet,
paga-se o que é grátis! Contêm conteúdos/resumos que também estão presentes nos
manuais adotados, portanto paga-se em duplicado.
A ideia da
RAIZ foi afastar-se disso tudo e colocar a disposição dos alunos uma enorme
quantidade de exercícios, feitos de raiz, do género do exame mas não só. Os
livros contêm exercícios desenvolvidos de acordo com as novas metas curriculares,
a maioria deles de grandes dimensões e que envolvem o domínio de vários
objetivos do Programa da disciplina. Em cada subdomínio o nível dos exercícios
vai aumentando, mas o aluno é sempre estimulado a resolver mais e mais. Todos
os exercícios estão resolvidos por etapas rigorosamente explicadas, o objetivo
principal é que o aluno cresça na disciplina de forma autónoma. O aluno pode
gerir, até de forma temporal, a forma como estuda cada conteúdo e isso é mais
uma novidade. O livro de Física contem meia dúzia de exercícios de exame e
apenas porque os meus alunos partilharam comigo dúvidas na compreensão das
resoluções que têm disponíveis na internet, a escolha foi criteriosa e
rigorosa. As resoluções são pedagogicamente cuidadas…o aluno é ensinado a estudar
para aprender e saber. O livro de Química tem apenas exercícios de raiz.
Gostamos muito do resultado final.
R: Agora sou suspeita: se não
achasse que sim, não teria abraçado este desafio! Quando entro num Projeto é
porque acredito mesmo nele. Esta ideia já era antiga… esteve a fermentar muitos
anos. Para mim é o realizar de um sonho que fui sempre partilhando com os meus
alunos. É minha convicção que só deve comprar estes livros quem quer estudar. E
estudar para saber e não apenas para passar em testes. O exame da disciplina
tem um peso enorme na classificação interna e no acesso à universidade. Se, de
facto, o aluno quer fazer mais exercícios e treinar muitos estilos, então um
livro deste género faz falta. Dada a diversidade de exercícios presentes, estes
livros deverão constituir um apoio importante no estudo dos alunos. Depois,
estes livros contêm muitas chamadas de atenção sobre pontos/conteúdos
importantes em que os alunos normalmente revelam dificuldades. Ensina a usar a
máquina de calcular, por exemplo, recorda conteúdos abordados nas aulas de
forma sistemática, chama a atenção para critérios importantes na correção dos
exercícios, para as falhas mais comuns … de facto, têm muitas novidades! O aluno
que compra uma obra destas tem um aliado à aprendizagem em sua casa e aprende
de forma autónoma.
R: É, e esse é o grande
problema desta disciplina. Há uma percentagem de alunos que se limita a
fazer/copiar os exercícios das aulas. Alguns têm acompanhamento fora da escola
e fazem exercícios de exames, por exemplo. Quando o seu professor lhe apresenta
um exercício diferente, o aluno não sabe aplicar os conhecimentos que aprendeu
em sala de aula. Também não o fará no exame. Na generalidade dos casos, os
alunos fazem poucos exercícios, trabalham pouco. Além disso, quando fazem
exercícios, não diversificam as metodologias e, depois, não desenvolvem
competências.
R: Os conteúdos abordados nesta
disciplina não são, de facto, fáceis. Se os alunos não estiverem com atenção
nas aulas e não aplicarem os conteúdos aprendidos na realização de exercícios,
não podem ter sucesso. Apercebo-me disso nas aulas. Cada vez mais, na minha
opinião, os alunos “deixam andar”, nem ouvem o professor, tudo para eles é
secundário … até os conselhos do professor na realização deste ou daquele
exercício. A estrutura montada fora da escola não consegue dar resposta à falta
de atenção nas aulas e à não resolução de exercícios de forma autónoma. Depois,
falta alguma reflexão sobre o que está mal. Cada escola, na minha opinião,
devia refletir sobre o que poderá estar na base das baixas notas no exame, por
exemplo. Conheço algumas, felizmente, que o fazem! Serão apenas os alunos que
estudam pouco? Ou estudam mal? E se o manual adotado passasse a estar noutra
linha… já que o anterior parece não ter conduzido ao sucesso? Falta alguma
reflexão da parte dos intervenientes no processo de ensino mas, na minha
opinião, falta também entrega e trabalho da parte dos alunos. Claro que há
exceções, felizmente. Há alunos fantásticos como aqueles que motivam os seus
professores a escreverem para eles e para os outros alunos… (CONTINUA)
Também sou suspeita, mas os livros estão muito bons!
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