quarta-feira, 25 de julho de 2018

DOIS SONETOS DE ADELAIDE BATISTA

 
   Adelaide Batista, funcionária nos Serviços Administrativos do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, é também poeta e já a divulgámos aqui no Blogue EXPRESSÃO. Aqui ficam dois poemas recentes, no formato exigente do soneto.

ACREDITO!

Despiste-me a vida, tão triste e fria,
Embebida no fel da tua ausência!
Carpiste-me a alma… só e vazia,
Largada, sem dó, na minha existência!

Bebeste o mar, sequioso de amor!
Morri… na ânsia de me saciar!
A sede escarneceu da minha dor
No deleite de me ver definhar!

Mas eu acredito… sei que virás
Trazendo a saudade com que partiste!
E, ao abraçar-me, sei que me dirás:

- Voltei!... Voltei, tal como tu pediste!
Em serenidade me encontrarás
Pois eu sei que o amor nunca desiste!
  

 ODE AO SENTIMENTO

És a ilusa caverna de Platão
No verso duma estrofe inacabada
A leda alegoria imaginada
Na rima do texto sem pontuação!

És o vento, rebelde e fugidio,
Na quimera encantada do sentir
O doce ardor, que queima sem ferir,
Na ode ao anseio solto e vadio!

És o medo impaciente, atrevido
A certeza do querer, escondido,
Nas entrelinhas por acrescentar!

És o sorriso pintado de amor
As noites esticadas, ao calor,
Nos beijos que se querem entregar!

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