“O mar dos meus olhos” é o título de
um poema que tem passado na Internet como poema de Sophia de Mello Breyner. É
mentira mas muitos sites continuam a apresentá-lo como sendo da autora. E
entretanto o problema já se resolveu, isto é, já se esclareceu.
Uma juíza, Adelina Barradas de
Oliveira, escreveu em 2009 no seu blogue Cleopatra Moon um poema de homenagem a Sophia
no dia em que se completavam cinco anos após a morte da poeta. Deu-lhe o nome
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, colocou a seguir o poema e assinou com as
iniciais ACCB, como sempre fez aos seus poemas. Bastou uma partilha errada de
um leitor apressado (como há tantos) para dar uma tremenda confusão que durou
vários anos. A juíza há alguns meses ficou desconfortável com esta situação, esclareceu-a e
referiu sobre os seus hábitos de escrita: "Escrevo
por escrever, como quem fuma por fumar, ou vai até à beira do mar para poder
respirar e voltar ao trabalho e à rotina do dia-a-dia. É assim como uma forma
de estar sozinha comigo observando o mundo lá fora".
E querem uma curiosidade
a propósito disto? Ao procurar no
Google em fevereiro passado o poema “O mar dos meus olhos”, um jornalista do PÚBLICO encontrou 18.000 resultados,
enquanto que “Esta é a madrugada que eu esperava” tinha menos de 5.000 resultados
e a “Meditação do Duque de Gândia” menos de 3.000 resultados. Incrível, não é?
Aqui fica o poema de
ACCB:
Há
mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E
trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma
(ACCB)
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