OS NAUFRÁGIOS DE CAMÕES, de Mário Cláudio
Seja para aficionados de História, amantes de biografias, ou
para os que adoram ler as rimas de Camões, todos encontrarão algo neste livro
de seu agrado. Nele são apresentadas teses diferentes quanto à origem da
célebre epopeia Os Lusíadas, e é posta em causa a autoria de Camões no que toca
a algumas estâncias.
Através da análise de três personagens principais, Mário Cláudio dá a
conhecer a hipótese de que um impostor, alegadamente o Capitão da Nau Anual da
China, se tenha feito passar por Camões quando regressou a Lisboa, tirando
partido da morte do verdadeiro autor consequente do famoso naufrágio, de que
foram vítimas. A primeira personagem é Timothy Rassmunsen, um talentoso
linguista que durante o seu trabalho na Ásia, que consistia na tradução de
manuscritos antigos, encontra um documento de provável autoria de Camões e após
muita investigação cria esta teoria. Mas fica demasiado embrenhado nos seus
estudos, situação agravada pelos seus problemas familiares. (...)
Timothy
baseara as suas pesquisas no trabalho de um explorador Britânico que vivera
muitos anos antes dele, também ele um camonista, de nome Richard Burton que é a
segunda personagem deste livro. Devido ao seu conhecimento relativo a inúmeras
línguas e a sua capacidade de criar e encarnar personagens, é enviado pelo
exército numa viagem de exploração, com o objectivo de descobrir a nascente do
rio Nilo. Ele acaba por adoecer e sentir na pele o que aconteceu a Camões, ao
perder os louros da descoberta para um dos seus companheiros.
A
terceira personagem transporta-nos para a Nau onde Camões viajava como
prisioneiro, e deixa-nos assistir na primeira fila ao naufrágio e aos tempos
que o sucederam. Assistimos à dor de Camões ao perder a rapariga asiática, que
viajava com ele, chamada Dinamene, por quem ele tinha muita afeição. (...) No
fim não ficamos completamente esclarecidos se Camões volta a Lisboa, mas
percebemos que é muito provável que o farsante tenha publicado a obra por ele.
Este
livro tem como público-alvo pessoas fortemente ligadas à literatura, utilizando
por isso vocabulário muito rico e diverso mas que por fezes dificulta um pouco
a sua interpretação. O seu aspecto mais interessante é permitir-nos viajar no
tempo e viver os acontecimentos que deram origem a Os Lusíadas que conhecemos. Também nos permite perceber por alto a
mentalidade da época e a crueldade do Santo Ofício. Ao mostrar-nos a famosa
obra de uma forma diferente e ao retratar os ”bastidores” da mesma, este livro
destaca-se dos muitos que abordam este tema.
Hugo Cruz (10º C)
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