sábado, 13 de junho de 2020

DIA DE PORTUGAL E "OS LUSÍADAS" (4) Mário Cláudio e uma ficção sobre um falso Camões


OS NAUFRÁGIOS DE CAMÕES, de Mário Cláudio
Seja para aficionados de História, amantes de biografias, ou para os que adoram ler as rimas de Camões, todos encontrarão algo neste livro de seu agrado. Nele são apresentadas teses diferentes quanto à origem da célebre epopeia Os Lusíadas, e é posta em causa a autoria de Camões no que toca a algumas estâncias.
Através da análise de três personagens principais, Mário Cláudio dá a conhecer a hipótese de que um impostor, alegadamente o Capitão da Nau Anual da China, se tenha feito passar por Camões quando regressou a Lisboa, tirando partido da morte do verdadeiro autor consequente do famoso naufrágio, de que foram vítimas. A primeira personagem é Timothy Rassmunsen, um talentoso linguista que durante o seu trabalho na Ásia, que consistia na tradução de manuscritos antigos, encontra um documento de provável autoria de Camões e após muita investigação cria esta teoria. Mas fica demasiado embrenhado nos seus estudos, situação agravada pelos seus problemas familiares. (...)
Timothy baseara as suas pesquisas no trabalho de um explorador Britânico que vivera muitos anos antes dele, também ele um camonista, de nome Richard Burton que é a segunda personagem deste livro. Devido ao seu conhecimento relativo a inúmeras línguas e a sua capacidade de criar e encarnar personagens, é enviado pelo exército numa viagem de exploração, com o objectivo de descobrir a nascente do rio Nilo. Ele acaba por adoecer e sentir na pele o que aconteceu a Camões, ao perder os louros da descoberta para um dos seus companheiros.
A terceira personagem transporta-nos para a Nau onde Camões viajava como prisioneiro, e deixa-nos assistir na primeira fila ao naufrágio e aos tempos que o sucederam. Assistimos à dor de Camões ao perder a rapariga asiática, que viajava com ele, chamada Dinamene, por quem ele tinha muita afeição. (...) No fim não ficamos completamente esclarecidos se Camões volta a Lisboa, mas percebemos que é muito provável que o farsante tenha publicado a obra por ele.
Este livro tem como público-alvo pessoas fortemente ligadas à literatura, utilizando por isso vocabulário muito rico e diverso mas que por fezes dificulta um pouco a sua interpretação. O seu aspecto mais interessante é permitir-nos viajar no tempo e viver os acontecimentos que deram origem a Os Lusíadas que conhecemos. Também nos permite perceber por alto a mentalidade da época e a crueldade do Santo Ofício. Ao mostrar-nos a famosa obra de uma forma diferente e ao retratar os ”bastidores” da mesma, este livro destaca-se dos muitos que abordam este tema.
Hugo Cruz (10º C)

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