Um discurso que eu poderia fazer se tivéssemos uma
daquelas cerimónias do fim do secundário
Último ano, último dia, última reflexão, último teste,
tantos "últimos", tantas despedidas neste fim de mais um ciclo, sim,
de mais um, porque não é o primeiro e, certamente, não será o último como as
restantes coisas descritas.
A vida parece assustadora, por vezes, a sua
complexidade, a noção que temos do tempo que passa, a sensação de que ainda
outro dia nasci, no outro a seguir fiz a escola primária, uma semana depois
completei o 9.º ano, passando por uma quarentena, por um vírus à escala
mundial, no mês seguinte conheci novas pessoas a quem hoje chamo de amigos e
fortaleci relações com outros que já me tinham acompanhado, vivenciei
experiências maravilhosas em minutos inéditos, em horas incríveis, em grandes
dias. Mas, na realidade, esse "ainda outro dia", essa "uma
semana depois", esse "no mês seguinte", esses minutos, horas e
dias, foram anos... anos em que aprendi, em que cresci, em que me descobri e,
principalmente, em que vivi. E viver implica muitas, imensas, incontáveis
coisas: explorar o mundo que nos rodeia, conhecer pessoas, fazer amigos,
descobrir os nossos gostos, desenvolver o nosso estilo, ter paixões, viajar,
ver, fazer.... Parece até ridículo tentar escrever isto, de tanta matéria que
há, tanta que não é possível descrevê-la ou relembrá-la aqui e agora, e digo
isto com apenas 17 anos de vida.
O que virá por aí? O que o amanhã me reserva? O que me
espera daqui a um ano ou daqui a 30? Não penso procurar grandes respostas para
estas perguntas de imediato - o que posso dizer é que continuarei a fazer o que
fiz até agora, continuarei a explorar o mundo que me rodeia, a conhecer
pessoas, a fazer amigos, a descobrir os meus gostos, a desenvolver o meu
estilo, a ter paixões, a viajar, a ver, a fazer... vou continuar a fazer isto e
outros elementos da incomensurável lista, vou ainda fazer muitas outras coisas
novas... vou viver!
Uma reflexão como esta poderia estar a ser incentivada
por uma mera questão existencialista, no entanto trata-se da análise do fim de
um ciclo, ou de dois ou de três, como tantos que há na vida. Este ano de 2023 é
um ano de especial transição na minha jornada, um ano onde alguns dos ciclos
encerrados são mais significativos: encerrarei as minhas atividades escolares
depois de 12 anos e... bom, efetivamente de desfecho de ciclos, de momento
apenas me lembro deste... talvez seja então melhor falar dos restantes não como
"últimos" mas como "novos", como "inícios": a
chegada à maioridade, a tentativa da aquisição da carta de condução, a
preparação para a entrada no ensino superior... e tanto que vem atrelado a
isto, tanta mais matéria vivenciarei, tanto, tanto, tanto... a vida parece
assustadora, por vezes, a sua complexidade e a noção que temos do tempo que
passa.
Assim como não são suficientes as palavras para
descrever tudo o que presenciei, também não são suficientes para agradecer a
todos os que cruzaram a minha jornada até aqui e que, de alguma forma,
contribuíram para ela em tom positivo. Em especial, no que toca ao secundário,
tive amigos fenomenais que me acompanharam e alguns professores impecáveis e
que deixaram a sua marca em mim, com todos eles vivi episódios sublimes de
alegria, de contendas, de tranquilidade, de superação, de apoio, de diversão e
tantos outros. E quem não pode ficar de fora disto, sou eu mesmo, claro, quero
agradecer a mim próprio por ter passado por tudo, por ter evoluído, por ter
aproveitado, por ser quem sou e por ser orgulhoso disso. Estarei aqui amanhã,
daqui a um ano e daqui a 30, para ver o que mais vivenciarei, a quem mais
agradecerei e no que me tornarei.
Tiago Mateus, 12º E
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