Álvaro Cunhal, secretário-geral do
Partido Comunista Português, exilado em França, regressou a Lisboa num voo da
Air France (para haver menos curiosidade e mais tranquilidade) a 30 de abril de
1974 na véspera da grande manifestação do 1º de Maio – Dia do Trabalhador. Foi
um voo nervoso em que viajaram também os músicos José Mário Branco e Luís
Cília, o arqueólogo Cláudio Torres e outras pessoas menos conhecidas. Todos
conheciam da imprensa a situação portuguesa mas as coisas não estavam ainda
muito claras para os comunistas. O nervosismo notou-se na viagem e o próprio
Álvaro Cunhal despejou parte do almoço no fato que trazia. Foi ele próprio
limpar os estragos ao WC mas depois o facto de já estarem quase a chegar levou
a que à chegada a Lisboa ele tivesse de aparecer em gabardine para não mostrar
o fato molhado. Na chegada, por razões de segurança, o comandante pediu que
Cunhal saísse separado dos outros, o que avolumou as suspeitas. Saiu em
conjunto com outros dois militantes que o acompanhavam: Domingos Abrantes e
Conceição Matos.
À sua espera estavam Mário Soares, Salgado Zenha e Tito de
Morais, do PS (Partido Socialista) e Pereira de Moura, Sottomayor Cardia e
Luísa Amorim pela CDE (Comissão Democrática Eleitoral). Depois o percurso em
Lisboa até ao encontro com o General Spínola, da Junta de Salvação Nacional,
fê-lo protegido por Jaime Neves, comando que mais tarde estará do lado
contrário da barricada no 25 de novembro de 1975.
Estas e outras histórias e
entrevistas podem lê-las na revista especial do EXPRESSO do passado dia 12 de
abril, dedicado aos 40 anos do 25 de abril. Vale a pena ler e guardar.
Boa tarde. Sabe, por acaso, a matrícula do Boeing 727-200 da Air France, que transportou Álvaro Cunhal e outros exilados políticos? Obrigado.
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